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    Conheça os fundos de investimento que usam algoritmos e IA nas suas decisões

    Nos fundos quantitativos, tomadas de decisão são realizadas por meio de modelos matemáticos

    Iasmin Paivada CNN , São Paulo

    A inteligência artificial (IA) pode estar tomando decisões sobre o seu dinheiro? Possivelmente. As tecnologias de IA já invadiram o mercado financeiro e hoje ocupam espaço nas tomadas de decisões sobre investimentos.

    Um produto que usa dessa técnica e tem se popularizado nas carteiras é o fundo quantitativo.

    Nessa modalidade, a tecnologia pode ser um braço direito para os analistas financeiros, ou simplesmente operar sozinha.

    O que são fundos quantitativos?

    Fundos de investimento são um formato de aplicação financeira que operam como um “condomínio”.

    Eles coletam recursos de diferentes pessoas e administram todo o dinheiro aplicado, direcionando esses valores para diferentes produtos financeiros: ações, renda fixa, moedas estrangeiras, entre outros.

    O capital aplicado em um fundo de investimentos fica na mão de uma equipe de gestão especializada, e são essas pessoas que decidem quanto dinheiro aplicar, em qual produto financeiro e por quanto tempo.

    Os ganhos obtidos com as aplicações são divididos entre os investidores participantes, na proporção do valor depositado por cada um.

    Um fundo quantitativo segue todos esses preceitos, porém, com diferencial na gestão do capital aplicado: as decisões são tomadas — parcial ou completamente — por algoritmos e IA.

    Como funciona?

    Os fundos quantitativos usam modelos matemáticos, análise de dados, algoritmos e inteligência artificial nos processos de decisão sobre onde colocar o dinheiro dos investidores.

    A vantagem? Eliminar o “fator humano” das operações com dinheiro.

    “É fato que humanos são propensos a tomar decisões com vieses, emocional, psíquico. A vantagem do portfólio quantitativo é não ter nenhum viés, porque as decisões são calculadas a partir de modelos numéricos”, explica Gustavo Akamine, analista da Constância Investimentos.

    O analista ainda pontua que utilizar dessas ferramentas só é viável porque, ao longo da história dos investimentos, foi possível coletar cada vez mais dados de mercados e empresas.

    Por isso, esses modelos de inteligência conseguem processar informação suficiente para tomar uma decisão de investimentos coerente.

    O uso dessa ferramenta já acontece há mais de 10 anos no Brasil, e cada vez mais a tecnologia evolui, conta o analista.

    Mas em mercados mais maduros, como nos Estados Unidos e o europeu, essa prática é bem mais comum.

    “As estratégias cada vez mais estão se misturando”, diz o especialista.

    Akamine explica que a administração dos fundos quantitativos pode funcionar completamente “virtual”, dependendo 100% das decisões da inteligência artificial, ou de maneira híbrida.

    Fundos híbridos

    Nos modelos híbridos de fundos quantitativos, a base para analisar o mercado vem dos algoritmos, mas a decisão final é sempre do ser humano.

    A tecnologia, nesses casos, opera em uma primeira parte do processo de decisão de investimentos, analisando uma gama enorme de dados, ou “pulverizando”, como explica Akamine.

    “O modelo quantitativo consegue analisar uma ação em relação a centenas de outras por um enorme período de tempo, o que seria impossível para uma pessoa”, conta.

    O analista ressalta que o sistema, sozinho, “funciona bem na média”, mas o intuito dos fundos híbridos é “colocar a estatística do nosso lado”, e aliar o modelo matemático à expertise dos especialistas na área.

    Isso porque, por se basear em dados anteriores, uma dificuldade dessa tecnologia é absorver eventos complexos e não recorrentes.

    “Mudanças bruscas no mercado, como desastres naturais ou até a pandemia não são facilmente analisadas pela inteligência”, afirma.

    Quem pode aplicar?

    O uso dos fundos quantitativos pode ser feito por qualquer perfil de investidor, avalia Alexandre Alvarenga, analista de fundos da Empiricus Research.

    “Existem fundos quantitativos nas principais classes, renda fixa, multimercados e de ações. Assim, o que o investidor precisa estar atento é se a estratégia do fundo está alinhada ao seu perfil”, afirma.

    Alvarenga explica que a diferença dos fundos quantitativos para os fundos discricionários é a automação do processo de decisão de investimentos.

    Portanto, se no segundo caso há a figura do gestor, que possui suas opiniões e teses para ganhar dinheiro, no primeiro quem decide isso é o algoritmo.

    Mas as estratégias para escolher os ativos são variadas, e podem convergir com os objetivos de todo tipo de investidor, a depender da programação do algoritmo.

    E os riscos?

    Os riscos de investir em um fundo quantitativo não diferem dos que existem em qualquer outro modelo de investimento, diz Akamine.

    Além da dificuldade em processar “eventos extraordinários”, que pode ser solucionada quando aliada à análise de especialistas humanos, essa classe de ativos envolve outros desafios.

    Segundo o especialista, o que varia é a estratégia do fundo. “Cada fundo tem um perfil de risco diferente, é importante entender a estratégia e perceber qual é a melhor para cada investidor”.

    Alvarenga avalia que, se o fundo for 100% sistemático, sem qualquer interferência humana e possui um histórico confiável, o risco de investir nele está associado ao próprio mercado no qual o fundo está operando.

    Nesses casos, qualquer estratégia estará exposta a uma série de modelos quantitativos para tentar bater o seu mercado/índice de referência.

    “O risco, portanto, é de que esses algoritmos sejam suficientemente bons para trazer uma vantagem competitiva em relação ao mercado e aos fundos pares”.

    A recomendação para o investidor que pensa em colocar seu dinheiro em um fundo quantitativo, para Akamine, é a mesma para qualquer outro fundo: buscar entender bem onde está colocando o dinheiro e avaliar o histórico e perfil da equipe de gestão.

    Veja também: Entenda os impactos econômicos da guerra na economia mundial

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