O câncer se tornará uma doença crônica?
O câncer é uma das doenças que mais desafiam a medicina e a ciência: foi responsável por mais de 9 milhões de mortes em 2020, sendo a segunda causa de óbito no mundo. No Brasil, serão cerca de 704 mil novos casos anuais até o final de 2025.
Diante desse cenário, se tornou fundamental buscar novas formas de prevenir, diagnosticar e tratar essa doença complexa e heterogênea. Felizmente, os avanços e inovações na oncologia têm sido constantes e significativos nos últimos anos, impulsionados pela medicina de precisão, abordagem que combina as opções terapêuticas disponíveis com as informações genéticas e moleculares de células tumorais e dos pacientes.
Essa conduta nos permite individualizar o tratamento, levando em consideração as características específicas de cada tumor e de cada pessoa, o que aumenta as chances de sucesso, além de minimizar os efeitos colaterais. Ademais, modalidades terapêuticas inovadoras, como por exemplo, a imunoterapia, os anticorpos monoclonais e a terapia gênica, contribuem para trazer novas perspectivas aos pacientes.
É inegável o papel decisivo das novas abordagens terapêuticas no tratamento de diversos tipos de tumores. A imunoterapia é uma dessas revoluções, que, em linhas gerais, consiste em estimular o próprio sistema imunológico do paciente a reconhecer e combater as células cancerígenas. Essa técnica pode ser feita com substâncias que bloqueiam os mecanismos que o tumor usa para se ‘esconder’ do sistema imune, ou com células geneticamente modificadas para tratar o câncer. A imunoterapia tem mostrado resultados consistentes e promissores em diversos tipos de tumores, como melanoma, câncer de pulmão, renal, bexiga e linfomas.
Já os anticorpos monoclonais droga-conjugada (ADCs) são uma classe terapêutica em franca expansão no tratamento de tumores sólidos (mama, pulmão, bexiga etc.). Esse constructo é composto por um anticorpo monoclonal, um linker e uma droga citotóxica, como por exemplo, um quimioterápico, e atuam como “cavalos de Troia”, levando substâncias para dentro das células cancerígenas, ou como “escudos”, impedindo que elas recebam sinais de sobrevivência ou se liguem a outras células5.
Nas últimas décadas, inovações como essas contribuíram também para uma nova configuração do perfil do paciente com câncer, na qual a doença permanece controlado ou em remissão durante longos períodos. Imagine que você está sentado em um restaurante em um sábado à noite. É provável que alguém ali esteja em tratamento oncológico, e você nem perceberá isso. Graças aos contínuos avanços da oncologia, mesmo os tumores mais avançados vêm sendo tratados com uma abordagem semelhante ao tratamento de uma doença crônica.
Tal percepção contribui para que a imagem de um paciente frágil, debilitado em uma cama fique no passado, dando lugar a pessoas que seguem o tratamento sem perder a autonomia em suas atividades diárias, como trabalhar, estudar e aproveitar bons momentos juntos da família.
Esses são apenas alguns exemplos de como as inovações na oncologia vem contribuindo para melhoria do prognóstico do paciente oncológico, com terapias cada vez mais individualizadas, melhorando a qualidade de vida e o bem-estar dos pacientes, e em alguns casos, até curando a doença.
O que enxergamos hoje e para o futuro é uma medicina cada vez mais precisa, tecnológica, personalizada e eficaz no combate ao câncer, em um cenário animador que deve se estender para o tratamento de diversos tipos de tumores sólidos.
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