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    HPV: o que é, sintomas, transmissão e como tratar

    Pode demorar 20 anos até que apareça algum sinal da infecção, as manifestações costumam ser mais comuns em gestantes e em pessoas com imunidade baixa

    Lucas Rochada CNN , em São Paulo

    Por se tratar de uma infecção silenciosa na maioria dos casos, entender o que é HPV é um passo importante para a prevenção, diagnóstico e tratamento da doença. 

    O Papilomavírus humano pode permanecer no organismo por tempo indeterminado, sem manifestar sinais visíveis a olho nu ou mesmo sintomas internos. 

    Em grande parte dos casos, o próprio sistema imunológico se encarrega de combater o vírus antes do surgimento de sintomas, mas há quadros em que ele permanece no corpo por anos e pode ser ativado em momentos de imunidade baixa.

    Saiba o que é HPV, como o vírus é transmitido, quais as possíveis complicações da infecção e como preveni-la.

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    O que é HPV?

    HPV é a sigla para Human Papillomavirus (ou Papilomavírus Humano na tradução para o português), o nome dado a uma infecção do sistema reprodutivo.

    Esse termo se refere a um grupo de mais de 100 tipos de vírus capazes de infectar tanto a pele quanto a mucosa oral, genital e anal de mulheres e homens.

    O vírus provoca uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST) e pode desencadear o surgimento de verrugas na região genital. 

    Entre as mulheres, a maioria das infecções pelos subtipos do HPV tem resolução espontânea, com combate do próprio organismo, em um período de até 24 meses. 

    Mas há casos em que o vírus consegue permanecer no corpo, aguardando eventual baixa de imunidade para provocar o aparecimento de lesões, segundo o Ministério da Saúde.

    “O grande problema do HPV é que ele é um vírus silencioso, que pode levar anos para manifestar algum sintoma”, explica a pesquisadora Soraia Jorge, do Laboratório de Biotecnologia Viral do Instituto Butantan, em comunicado.

    “E quando você vai ver, você já está com câncer. São casos de câncer que podem ser evitados com a vacinação”, completa a especialista. 

    Como é o esquema vacinal contra o HPV?

    Vacinação contra o HPV
    / Pexels/Gustavo Fring

    O Ministério da Saúde informa que crianças e adolescentes de 9 a 14 anos devem receber o esquema vacinal contra o HPV, que conta com duas doses do imunizante.

    Adolescentes que receberem a primeira dose entre 9 e 14 anos, poderão tomar a segunda dose mesmo se ultrapassado os seis meses do intervalo recomendado, para não deixar o esquema vacinal incompleto, segundo a pasta.

    Em alguns casos, o esquema conta com uma dose extra para reforçar a prevenção. É o que acontece com pessoas que vivem com HIV/Aids, transplantados de órgãos ou de medula óssea, que recebem o esquema de três doses.

    Os pacientes oncológicos na faixa etária de 9 a 45 anos também fazem parte do esquema de três doses. A vacina está disponível gratuitamente no SUS (Sistema Único de Saúde) para esses grupos

    Qual é a incidência?

    O HPV é um vírus comum e existem indicações de que 80% das pessoas com vida sexual ativa vão contraí-lo em algum momento, segundo dados do Ministério da Saúde.

    No Brasil, a estimativa do Ministério é que existam até 10 milhões de pessoas infectadas pelo Papilomavírus, com 700 mil novos casos por ano.

    Entender o que é HPV, conhecer as formas de prevenção e proporcionar a conscientização é o caminho para reduzir os índices de transmissão do vírus.

    De acordo com o Ministério, a cobertura vacinal ideal para garantir a prevenção da doença é de 90%. 

    Como acontece a transmissão do HPV?

    A transmissão do HPV geralmente acontece por vias sexuais, seja por meio vaginal, anal, oral ou até mesmo durante a masturbação mútua, no contato pele a pele. 

    O vírus pode estar presente na vulva, região pubiana, perineal, perianal ou na bolsa escrotal, por isso a transmissão do Papilomavírus pode ocorrer mesmo sem penetração.

    Mesmo sem manifestar sintomas ou sinais da doença, a pessoa infectada pode transmitir o vírus para outras. 

    Segundo o Ministério, em casos mais raros o vírus pode ser transmitido da mãe para o bebê no momento do parto. Nesses quadros, a criança pode desenvolver verrugas na laringe e nas cordas vocais, condição chamada de Papilomatose Respiratória Recorrente.

    Essa condição aparece como um tumor benigno, mas pode desencadear sintomas como a obstrução das vias aéreas e rouquidão.

    Sintomas de HPV

    Muitos casos de infecção pelo Papilomavírus permanecem assintomáticos, mas alguns organismos podem desenvolver sinais como:

    • verrugas genitais;
    • desconforto vaginal;
    • coceira na região genital.

    Os sinais do HPV na região genital podem ser discretos. Nesses casos, são observados apenas com a ajuda de exames específicos.

    Em outros casos, a infecção pode manifestar alguns sinais visíveis, como o aparecimento das verrugas, que apresentam aspectos similares ao de uma couve-flor e podem ser indolores ou acompanhadas por uma leve coceira.

    Além disso, as verrugas podem ser dolorosas ou sangrar em alguns casos. Com menor frequência, essas lesões podem aparecer em outras regiões, como mucosa nasal ou oral. 

    Os primeiros sintomas de HPV podem aparecer de dois a oito meses após a contaminação pelo vírus, assim como pode demorar 20 anos até que apareça algum sinal da infecção. 

    As manifestações do vírus são mais comuns em gestantes e em pessoas com imunidade baixa, de acordo com o Ministério da Saúde. 

    Como é feito o diagnóstico de HPV?

    O diagnóstico do HPV é, atualmente, realizado por meio de exames clínicos e laboratoriais, dependendo do tipo de lesão, se clínica (visíveis ao olho nu) ou subclínica (não visíveis ao olho nu). 

    Como fazer o diagnóstico do HPV?
    / Milan Markovic/Getty Images

    Nos casos das lesões subclínicas, exames como o Papanicolau e a colposcopia são indicados. 

    Esse tipo de exame permite a análise de material genético retirado do colo do útero, facilitando a identificação de anormalidades em casos sem lesões visíveis ao olho nu.

    HPV tem cura? Como tratar?

    Não há tratamento de HPV específico para eliminar o vírus. A depender da persistência da infecção e, principalmente, da capacidade de levar ao desenvolvimento de câncer do vírus, podem se desenvolver lesões que precisam ser tratadas.

    A terapia para combater verrugas genitais, por exemplo, deve ser individualizada, dependendo da extensão, quantidade e localização das lesões.

    Existem diferentes opções terapêuticas, como a aplicação de cremes e a remoção das verrugas por cauterização, cirurgia ou crioterapia (congelamento), segundo o Ministério da Saúde. 

    O tratamento contribui para que não evoluam para tumores ao longo dos anos, sobretudo no colo do útero, mas também na vagina, vulva, ânus, pênis, orofaringe e boca.

    No entanto, vale lembrar que a maior parte dos casos de infecção por HPV são naturalmente combatidos pelo sistema imunológico da pessoa e, com isso, o vírus regride após algum tempo. 

    Quais são as possíveis complicações do HPV?

    Além do surgimento de verrugas anogenitais (região do anus e genitais), que podem tornar-se recorrentes em até 25% dos casos, segundo o Ministério da Saúde, a principal complicação da infecção pelo vírus HPV é o câncer de colo de útero.

    Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca), o câncer de colo de útero é o terceiro mais incidente entre as mulheres. 

    Compreender como ocorre essa evolução do quadro é um ponto importante para entender o que é HPV e quais as possíveis consequências da infecção.

    De acordo com o Ministério da Saúde, muitas pessoas infectadas pelo vírus podem desenvolver alterações benignas, mas casos de transmissão por alguns subtipos de HPV, como o 16 e o 18, podem desenvolver o câncer.

    Além do câncer do colo do útero, o vírus pode causar outros tipos de câncer, segundo a pasta, como:

    • câncer de ânus;
    • câncer de boca;
    • câncer de orofaringe. 

    Como se prevenir?

    Além da vacinação, o uso de preservativos, sejam internos ou externos, durante as relações sexuais é recomendado para a prevenção do HPV e outras infecções sexualmente transmissíveis.

    A camisinha de uso interno também cobre a vulva, por isso é a mais eficaz para evitar o HPV. O uso do preservativo é recomendado desde o início da relação sexual e não apenas durante a penetração.

    Outra forma de prevenção, segundo o Ministério da Saúde, é o Papanicolau, exame ginecológico capaz de identificar a presença de células anormais no colo do útero. 

    Apesar da vacinação ser uma das principais formas de evitar o contágio, dados do Ministério da Saúde revelam que o Brasil está abaixo da meta de vacinação contra o HPV.

    O Ministério tem o objetivo de alcançar 90% de cobertura vacinal entre meninas de até 15 anos até 2030. Hoje, o índice entre meninas está em 76,3% para a primeira dose do imunizante e em 57,7% para a segunda dose. 

    Nesse contexto, entender o que é HPV é um passo de conscientização para as prevenções e identificação precoce de possíveis sintomas, o que contribui para o tratamento e evita complicações da infecção. 

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