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    Aliados de Lira reagem com desconfiança à operação da PF

    Para integrantes do governo, episódio exigirá esforço dobrado do Planalto para melhorar relação entre Lula e o presidente da Câmara

    Gustavo UribeBasília Rodriguesda CNN

    A operação deflagrada nesta quinta-feira (1º) pela Polícia Federal sobre um eventual esquema de superfaturamento na compra de kits de robótica por municípios alagoanos foi vista com desconfiança por aliados do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL).

    A avaliação feita por dirigentes do bloco do centrão à CNN foi de que a operação pode ter sido uma espécie de reação às recentes perdas e dificuldades do governo federal na casa legislativa. Os assessores do governo, no entanto, negam qualquer vinculação.

    A realização da operação não causou surpresa, já que o Tribunal de Contas da União (TCU) já havia apontado, em auditoria julgada no fim de abril, irregularidades na destinação de R$ 26 milhões em materiais adquiridos pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).

    Mas o timing da operação causou desconfiança porque foi deflagrada no dia seguinte a uma queda de braço entre o presidente da Câmara, Arthur Lira, e o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, pela aprovação da medida provisória da reestruturação ministerial.

    Nos bastidores da Câmara, deputados de centro citam uma sequência de movimentos contra Lira desde o final de semana, como críticas públicas feitas pelo senador Renan Calheiros (PP-AL) e a liberação para julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) de denúncia contra o parlamentar.

    O diagnóstico de líderes partidários, incluindo deputados de esquerda, é de que o episódio tem potencial de piorar a relação de Lira com Lula e de que será necessário esforço dobrado para melhorar a relação já conturbada. Nas palavras de um congressista de esquerda, o ocorrido “atrapalha o ambiente”.

    Lira tem acompanhado o desenrolar da operação na residência oficial da Câmara e não pretende, até o momento, se pronunciar. No Palácio do Planalto, assessores do governo têm defendido que o parlamentar seja procurado pela articulação política para amenizar um provável desgaste.

    Um dos alvos da operação é a empresa Megalic, que está em nome de Edmundo Leite Catunda Júnior, pai do vereador João Catunda, filiado ao PP. As fraudes e superfaturamento teriam gerado prejuízo ao erário de R$ 8,1 milhões.

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