Belgorod é alvo de novos ataques; moradores seguem sendo evacuados
Região se transformou no novo front da guerra entre Ucrânia e Rússia depois que um grupo de soldados russos iniciou uma campanha com o objetivo de tirar Vladimir Putin do poder em Moscou
Os combates na região de Belgorod, na Rússia, entraram no segundo dia nesta terça-feira (23), e seu governador disse aos moradores que ainda não era seguro voltar para suas casas. Mais pessoas fugiram após uma incursão de combatentes armados pela fronteira a partir da Ucrânia.
A incursão de segunda-feira, aparentemente envolvendo veículos blindados, foi o maior ataque à Rússia desde o início da guerra, 15 meses atrás, mas detalhes como o número de combatentes envolvidos, sua afiliação e a extensão de quaisquer confrontos não puderam ser confirmados de forma independente.
Autoridades russas retiraram moradores do distrito de Graivoron, na região, depois que as forças de invasão afirmaram que capturaram a cidade fronteiriça de Kozinka e várias outras.
“A limpeza do território pelo Ministério da Defesa junto com as agências de segurança continua”, disse o governador de Belgorod, Vyacheslav Gladkov, no serviço de mensagens Telegram.
“Apelo agora aos residentes do distrito de Graivoron que abandonaram temporariamente as suas casas. Ainda não é possível regressar”, afirmou, acrescentando que dois edifícios foram atacados por drones durante a noite.
Gladkov disse que uma mulher morreu durante a retirada e houve relatos de duas pessoas feridas. A tarefa “número um” na terça-feira era alcançá-las. Na segunda-feira, Gladkov declarou que pelo menos oito pessoas ficaram feridas, vários prédios foram danificados e muitos moradores foram embora.
Um dos grupos que assumiu a responsabilidade pela incursão, a Legião da Liberdade Russa, disse no Telegram: “Bom dia a todos, exceto os capangas de Putin. Chegamos ao amanhecer em território liberado e estamos avançando.”
Ele e um segundo grupo, o Corpo de Voluntários Russos (RVC), dizem representar combatentes russos armados que se opõem ao Kremlin e operam a partir da Ucrânia.
Moscou culpou as forças ucranianas pelo ataque, dizendo que os sabotadores estavam tentando desviar a atenção da captura da cidade de Bakhmut pela Rússia três dias atrás, após a batalha terrestre mais sangrenta na Europa desde a Segunda Guerra Mundial.
Investigadores russos disseram que estavam abrindo um processo de terrorismo sobre a incursão.
Kiev negou publicamente a culpa pelo ataque, embora algumas de suas negativas tenham sido lançadas com aparente ironia, para imitar as negações russas anteriores de participação nos movimentos separatistas na Ucrânia.
Kiev “não tem nada a ver com isso”, tuitou o conselheiro presidencial ucraniano Mykhailo Podolyak. “Como você sabe, os tanques são vendidos em qualquer loja militar russa e os grupos guerrilheiros clandestinos são compostos por cidadãos russos.”
(Reportagem de Pavel Polityuk)