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    Como o mundo pode reduzir poluição plástica em 80% até 2040

    Poluição por plástico é um problema que afeta o mundo como um todo, do Ártico aos oceanos

    Laura Paddisonda CNN

    Em menos de 20 anos, os países poderiam reduzir a poluição por plásticos em 80%, de acordo com um novo relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma).

    A poluição por plástico é um problema que afeta o mundo como um todo, do Ártico aos oceanos, passando até pelo ar que respiramos. Ela altera até mesmo os ecossistemas.

    Recentemente, cientistas encontraram rochas feitas de plástico em uma remota ilha do Brasil e, nos dias hoje, existe tanto plástico circulando em partes do Oceano Pacífico que comunidades de criaturas costeiras vivem sobre esses detritos a milhares de quilômetros de seu lar original.

    Nas últimas décadas, os níveis de produção por plástico dispararam, especialmente os de uso único, e os sistemas de gestão de resíduos não conseguiram acompanhar o ritmo. Em 2021, o mundo produziu 139 milhões de toneladas de resíduos plásticos de uso único.

    Se nenhuma ação for tomada, a produção global de plástico deve triplicar até 2060.

    O relatório do Pnuma tem como objetivo fornecer um roteiro para que governos e empresas cortem drasticamente os níveis de poluição plástica. Três estratégias principais estão no centro do plano: reutilização, reciclagem e uso de materiais alternativos.

    A reutilização de plásticos teria o maior impacto, de acordo com o relatório, que recomenda ainda a promoção de garrafas recarregáveis, programas de depósito para incentivar as pessoas a devolver produtos plásticos, e ações de devolução de embalagens. Essa seria a “mudança de mercado mais significativa”, reduzindo a poluição plástica em 30% até 2040.

    O aumento dos níveis de reciclagem poderia reduzir a poluição plástica em mais 20%, ainda conforme o documento do Pnuma. Apenas cerca de 9% dos plásticos são reciclados por ano no mundo, e o restante acaba incinerado ou jogado em aterros sanitários.

    O relatório também recomenda a interrupção dos subsídios aos combustíveis fósseis que ajudam a tornar os novos produtos plásticos mais baratos, o que desestimula a reciclagem e o uso de materiais alternativos. Os combustíveis fósseis são a matéria-prima de quase todos os plásticos.

    O uso de materiais alternativos adequados para produtos de uso único, como embalagens e sachês, incluindo a mudança para materiais compostáveis que se decompõem mais facilmente, poderia reduzir a poluição plástica em 17%, segundo o documento.

    “A maneira como produzimos, usamos e descartamos os plásticos está poluindo os ecossistemas, criando riscos para a saúde humana e desestabilizando o clima”, escreveu Inger Andersen, diretora executiva do Pnuma, em comunicado.

    “O relatório do Pnuma apresenta um roteiro para reduzir drasticamente esses riscos por meio da adoção de uma abordagem circular que mantém os plásticos fora dos ecossistemas, dos nossos corpos e da economia”.

    O relatório estima que o investimento necessário para as mudanças recomendadas é de cerca de US$ 65 bilhões por ano (cerca de R$ 320 bilhões), mas cita que esse valor é muito menor do que os custos de não se fazer nada. A mudança para uma economia em que o plástico é reutilizado e reciclado poderia gerar uma economia de US$ 3,25 trilhões (cerca de R$ 16 trilhões) até 2040, ao evitar os impactos negativos do plástico, incluindo aqueles sobre o clima, a saúde, o ar e a água.

    A redução de 80% dos plásticos diminuiria a poluição por carbono em meio bilhão de toneladas por ano, segundo estimativas do relatório. Além disso, poderia criar 700 mil novos empregos, principalmente nos países em desenvolvimento.

    No entanto, mesmo com todas essas mudanças, o mundo ainda terá que gerenciar cerca de 100 milhões de toneladas de resíduos plásticos de produtos de vida curta até 2040, de acordo com o relatório. Isso equivale, em peso, a quase 5 milhões de contêineres que, enfileirados de ponta a ponta, poderiam ir e voltar da cidade de Nova York a Sydney, na Austrália.

    Para resolver esse problema, o relatório menciona que serão necessários padrões mais rígidos para resíduos não recicláveis, bem como o aumento da responsabilidade dos fabricantes pelos impactos de seus produtos plásticos.

    O relatório surge no momento em que os países se preparam para uma segunda rodada de negociações em Paris, no final deste mês, com o objetivo de chegar a um acordo sobre o primeiro tratado internacional sobre plásticos do mundo, que abordaria toda a vida útil dos plásticos, da produção ao descarte. A incorporação ou não de restrições à fabricação de plásticos no tratado ainda é um ponto de discórdia.

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