Bolsonaro guardou acervo na fazenda de Piquet pois não tinha onde colocar na época, diz Wajngarten
Assessor especial do ex-presidente disse que havia 195 metros cúbicos de itens para serem armazenados
O assessor especial de Jair Bolsonaro (PL), Fábio Wajngarten, disse que o acervo do ex-presidente está guardado na fazendo de Nelson Piquet temporariamente. A defesa de Bolsonaro falou à imprensa, nesta quarta-feira (26), depois que ele deixou a Polícia Federal (PF) após prestar depoimento sobre os atos criminosos de 8 de janeiro.
“O acervo do presidente se encontra armazenado temporariamente na fazenda do Nelson Piquet. No fim do mandato, com muitas coisas a serem resolvidas, o presidente não tinha nem casa, não havia decidido nem a casa onde iria morar. E havia 195 metros cúbicos de itens”, explicou o assessor. “Logo será remetido para outro lugar, tão seguro quanto, com armazenamento e temperatura adequados e logística propícia.”
A resposta foi dada após um questionamento da imprensa sobre o terceiro kit de joias recebidos da Arábia Saudita, que estaria dentre os itens armazenados na fazenda.
A equipe de defesa do ex-presidente – composta pelos advogados Paulo Bueno e Daniel Tesser, além de Wajngarten – afirmou que Jair e Michelle Bolsonaro não souberam da existência dos kits de joias enviados pela Arábia Saudita durante 14 meses.
Wajngarten acrescentou que, depois de tomar conhecimento do kit de joias retido pela Polícia Federal (PF), Bolsonaro pediu uma única vez ao seu ajudante Mauro Cid para regularizar a situação, a fim de evitar um “vexame internacional”.
“Um presente de chefe de estado dado ao governo brasileiro jamais poderia ir a leilão por inação de quem quer que seja”, falou o assessor.
Eles ainda acrescentaram que não há a expectativa de que Michelle Bolsonaro seja chamada para depor à PF. “Ela não foi intimada e não vemos motivo para que ela seja”, disse Bueno.
Depoimento à PF
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) deixou a Polícia Federal (PF) após prestar mais de duas horas de depoimento, nesta quarta-feira (26), sobre os atos criminosos do dia 8 de janeiro durante ataque aos Três Poderes em Brasília.
Bolsonaro foi ouvido no inquérito como instigador, pelas postagens na internet sobre o resultado das eleições presidenciais do ano passado. Principalmente, por uma postagem no dia 10 de janeiro, dois dias após os atos, na qual questionava, mais uma vez, as urnas eletrônicas e o resultado eleitoral, mas foi apagada logo em seguida.
Segundo a PF, os “instigadores” são aqueles que, de alguma forma, alimentaram e instigaram ações de quem não aceitava o resultado das urnas, o que culminou nos atos antidemocráticos.
Bolsonaro passou a ser investigado formalmente nesta categoria após determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), atendendo a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR).
Esta será a segunda vez que Bolsonaro será ouvido pela PF desde que deixou o governo. A primeira vez foi no dia 5 de abril, mas referente ao caso das joias trazidas da Arábia Saudita.
*Publicado por Fernanda Pinotti