Suécia entrará para Otan até meados deste ano, diz secretário de Defesa dos EUA
Durante vista a Estocolmo, Lloyd Austin prevê que adesão deva acontecer “antes do verão” do Hemisfério Norte. Estocolmo precisa superar as objeções do presidente da Turquia, Recep Erdogan
A Suécia deve formalizar sua adesão à Otan ainda este ano, mais precisamente “antes do verão” do Hemisfério Norte. A declaração foi dada pelo Secretário de Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin, durante uma viagem de quatro dias ao país, passando em seguida pela Alemanha.
“Estamos ansiosos para continuar defendendo sua rápida admissão na Otan e trabalharemos duro para fazer isso antes do verão. Acho que isso é muito, muito importante.”
Austin se reuniu na terça-feira (18) com o ministro da Defesa sueco, Pal Jonson, no quartel-general da marinha sueca na Base Naval de Musko, nas proximidades de Estocolmo. “Você é um ótimo parceiro”, disse. “Estamos ansiosos para, muito em breve, poder chamá-lo de aliado.”
O encontro faz parte dos trabalhos referentes ao exercício militar Aurora 23, coordenado pela Suécia com a participação dos Estados Unidos e outros países europeus. Previsto para acontecer até 11 de maio, trata-se do o maior exercício militar sueco em décadas e prepara os participantes para responder a um ataque à Suécia.
“Você vai (…) agregar muito valor à Otan, nosso esforço geral”, disse Austin. “Você tem um exército altamente profissional e investiu muito em modernização nos últimos anos. Nós temos um dos maiores exercícios da história recente em andamento enquanto falamos, e estou ansioso por alguns bons resultados saindo disso”, completou Austin.
Antes de viajar à Alemanha, onde participará da 11ª reunião do Grupo de Contato de Defesa da Ucrânia, Austin pretende se reunir com o primeiro-ministro sueco, Ulf Kristersson, em Estocolmo.
Na reunião em solo alemão, o secretário deve tratar de novas rodadas de apoio militar e humanitário à Ucrânia.
Finlândia
A adesão da Suécia deve acontecer logo depois de a Finlândia, outro país escandinavo, ter se associado à aliança militar. Os dois países aceleraram o processo após a Rússia invadir a Ucrânia, no início do ano passado. Com a intervenção do regime de Putin, vários países europeus mudaram suas políticas de neutralidade e cogitam cerrar fileiras à Otan.
No caso da Finlândia, a formalização aconteceu de forma rápida, sem sobressaltos ou oposição dos países-membros. Com a assinatura do acordo, a fronteira entre os países da Otan com a Rússia dobrou. Dias depois, os finlandeses já participavam dos primeiros exercícios militares como membro da aliança.
No entanto, com os suecos a coisa muda de figura. O país sofreu com a resistência da Turquia, que passou os últimos meses colocando obstáculos à sua adesão. Para que um país possa integrar a Otan, é preciso o apoio unânime de seus membros. O governo de Ancara se aproveitou dessa diretriz para colocar uma pedra no caminho de Estocolmo.
O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, hesitou em formalizar o apoio à entrada da Suécia à Otan devido ao fato de o país ter oferecido abrigo para vários integrantes do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), entidade separatista que defende a criação de uma nação para os curdos e que é considerada terrorista por Ancara.
Em março deste ano, o governo sueco anunciou o envio ao Parlamento de um projeto de lei antiterrorismo, que pode resultar até mesmo em extradição de alguns desses cursos que vivem na Suécia. A medida deve amansar Erdogan e abrir caminho para a adesão de Estocolmo à Otan.