Entenda como funciona o banco dos Brics, que deve ser presidido por Dilma
À CNN Rádio, o professor Leonardo Trevisan explicou que o Novo Banco de Desenvolvimento (NBD) está “acoplado” a interesses chineses
O Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), o banco dos Brics, ganhou atenção uma vez que o nome da ex-presidente Dilma Rousseff despontou como o principal para assumir a presidência do órgão.
Em entrevista à CNN Rádio, o professor de relações internacionais Leonardo Trevisan explicou que, desde o surgimento do bloco que engloba Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, o contexto mundial mudou.
“A ideia apareceu como um banco de fomento, de desenvolvimento, em que os 5 países fizeram aporte de US$ 2 bilhões para iniciar projetos nas regiões mais pobres.”
No entanto, ele destaca, China e Índia despontaram rapidamente desde os anos 2000 e “a China passou a usar os Brics como uma espécie de Banco Mundial dela.”
Isso se reflete no tipo de desenvolvimento que recebe aportes financeiros, de acordo com Trevisan.
“O Brasil tem US$ 4 bilhões de investimentos diretos desse banco, no perfil de infraestrutura de estrada e portuária. Vamos ser honestos, para escoamento de commodities para a própria China.”
Da mesma forma, a África do Sul tem investimentos para escoamento de minério e a Rússia para petróleo.
“O projeto que é desenvolvido está de alguma forma acoplado à economia chinesa, que não faz isso porque é má, é um modelo semelhante ao que os Estados Unidos fizeram, com o Banco Mundial e com o Banco Interamericano de Desenvolvimento.”
Escolha por Dilma
Para Leonardo Trevisan, a escolha por Dilma Rousseff está “dentro de uma política externa” que busca retomar a projeção internacional do Brasil.
“É nesse contexto de ex-presidente da República que se venceu o nome de Dilma, é claro que não tem experiência muito grande na gestão bancária, não seria melhor nome técnico, mas no viés político tem um sentido”, completou.
*Com produção de Isabel Campos