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      Solange Petrosino - Diretora acadêmica da Fundação Santillana

      Solange Petrosino é graduada em Biologia e Pedagogia e tem especialização em Saúde Pública com ênfase em educação pela Universidade de São Paulo (USP).

      Possui mais de 30 anos de vivência profissional na área de educação, atuando junto a escolas como professora, coordenadora, diretora, e principalmente na área de formação de professores.

      Atualmente, é diretora acadêmica da Fundação Santillana.

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    É o fim do professor na escola?

    Se olharmos para a educação nas últimas décadas, nos assustaremos com tanta transformação que o setor sofreu, após anos seguindo um modelo quase imutável. A educação como um todo está atravessando uma fase de profundas mudanças, mas ainda existe uma grande distância entre as possibilidades que se apresentam e a realidade vista em sala de aula.

    Uma proposta educacional que insista em ser conteudista e transmissiva não tem mais espaço no ambiente escolar. Entretanto, o que observamos, na grande maioria das vezes, é a repetição de estratégias que perpetuam o aluno como um sujeito passivo na aprendizagem, a despeito das discussões sobre um novo protagonismo em sala de aula.

    Colocar o aluno como sujeito ativo no processo e autônomo na gestão de sua aprendizagem não é tarefa fácil, até porque os cursos de formação inicial dos professores continuam, em sua maioria, não sendo organizados e pensados nessa perspectiva. Nesse sentido, a formação contínua dos docentes e dos gestores em educação ainda precisa incorporar novos valores e pontos de vista que não se atenham apenas a ações superficiais vinculadas a temas da “moda”.

    Cada vez mais observamos propostas de uso de inteligência artificial, big data, plataformas adaptativas, neuroeducação, em uma tentativa de “pular” essa etapa de formar o professor e fazer o aluno desenvolver seu próprio processo de aprendizagem, de forma isolada.

    Ninguém duvida de que todos esses recursos são muito importantes para ampliar a efetividade do ensino e o desenvolvimento cognitivo dos alunos. Eles permitem personalizar mais a aprendizagem, respeitar o ritmo e o perfil dos alunos no espaço virtual, nos seus tempos de estudo e assimilação dos conteúdos. Todo esse avanço tecnológico também serve para apoiar o professor na análise de possíveis não aprendizagens e das intervenções necessárias.

    Mas, vale dizer, é preciso que o professor seja um designer desse percurso, capaz de olhar para os dados e planejar rotas e reconhecer o impacto de suas ações, fazer mediações e perguntas importantes para desencadear processos reflexivos de construção do conhecimento, mediar relações interpessoais e replanejar trajetórias, sempre que necessário.

    Para além de incentivar o professor a ser mais questionador e permitir que o aluno chegue às suas próprias conclusões sobre o que está aprendendo, é cada vez mais exigido que o docente também tenha condições de acompanhar de perto o desenvolvimento das habilidades emocionais dos seus alunos. Só assim essas crianças e jovens terão melhores condições para lidar com uma realidade cada vez mais complexa.

    O professor tem a missão, enfim, de apoiar e incentivar seus alunos para que, no futuro, estejam prontos para atuar de maneira responsável numa sociedade e num mundo do trabalho em constante transformação. Por tudo isso, podemos, sem sombra dúvida, dizer que não se trata do fim da atuação do professor em sala de aula. É apenas o começo de um novo papel a ser desempenhado por esse profissional, que se tornou mais importante do que nunca.  

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