Protestos contra política de Covid zero podem custar cargo de Xi Jinping, diz professor
Não importação de vacinas e rigidez de lockdown coloca o líder chinês em encruzilhada político-econômica em meio a maior onda de dissidentes desde 1989; o professor e economista Roberto Dumas analisa o cenário
A proporção da onda atual de protestos na China contra o lockdown e a política de Covid zero é a maior vista desde 1989, ano do massacre da Praça da Paz Celestial.
À CNN nesta terça-feira (29), Roberto Dumas, professor de economia internacional do Insper, explica que o teor dos protestos estremece o cargo de Xi Jinping, que se vê em uma encruzilhada política.
“Xi Jinping está numa ‘sinuca de bico’ porque, se flexibiliza o lockdown e não tem a vacinação, o número de mortes e o número de casos aumenta, então tudo aquilo que ele fez vai por água abaixo e ele vai ser chamado a dar explicação. Segundo, se ele não flexibiliza a economia, o mundo sofre, então aquela projeção que a China queria dar geopoliticamente como destaque em relação ao ocidente, também é prejudicada”, afirma Dumas, destacando a característica nacionalista do líder chinês e da ineficácia das vacinas chinesas para a população idosa.
“Ele [Xi] deveria saber, obviamente, deveria ter sido assessorado, que Covid zero, não existe mais”.
O professor alerta, ainda, para um cenário de queda da economia da China em 2023 “juntando tudo: EUA e Europa subindo juros e China com problema do lockdown”.