Quadro de Andy Warhol é vendido por R$ 458 milhões em leilão em Nova York
Imagem colossal da série "Death and Disaster" do artista foi vendida pela Sotheby's, que descreveu o feito como "monumental"
Andy Warhol pode ser mais conhecido por sua iconografia pop art de Marilyn Monroe, do presidente Mao Tsé Tung e pelas latas de sopa Campbell, mas foi uma de suas impressões serigráficas de um acidente de carro que, na quarta-feira (16), se juntou às obras mais valiosas do pós-guerra vendidas em um leilão.
“White Disaster (White Car Crash 19 Times)”, uma imagem colossal da série “Death and Disaster” do artista, arrecadou US$ 85,4 milhões – o equivalente a R$ 458 milhões nos valores desta quinta (17) – na Sotheby’s em Nova York. A casa de leilões descreveu a soma como “monumental”.
Na época em que Warhol criou o trabalho em 1963, ele ficou paralisado com imagens horríveis e mórbidas – nuvens de bombas atômicas, cadeiras elétricas – e com como as publicações impressas as reproduziam, acreditando que os leitores haviam se tornado imunes ao seu impacto. De toda a sua produção, a série tratou mais explicitamente de sua fixação na mortalidade humana.
Em “White Disaster”, Warhol duplicou uma única imagem de um acidente automobilístico 19 vezes em preto e branco. Com 3,6 metros de altura e 1,80 metros de largura, é o maior de seus trabalhos focados em acidentes de carro.
“O que distingue [a obra de arte] não é apenas sua imensa escala, que realmente confunde qualquer um que esteja diante dela… mas também sua paleta”, explicou David Galperin, chefe de arte contemporânea da Sotheby’s em Nova York, antes da venda.
“Realmente parece brilhar, a forma como a serigrafia preta é registrada contra o fundo branco nítido”, acrescentou, explicando que Warhol repetiu sua imagem na série em diferentes tonalidades, incluindo lavanda e laranja.
Galperin comparou a escala e a forma da peça a altares religiosos, referindo-se à educação católica de Warhol e às tendências religiosas em seu trabalho – particularmente como as pinturas de ícones religiosos informaram seus retratos de celebridades. Warhol trabalhou na série “Death and Disaster” ao mesmo tempo em que serigrafava suas famosas imagens de Monroe após sua morte em 1962.
“Essas ideias de celebridade, tragédia, fama, morte – esses são os temas que ocuparam Warhol e acho que a série em que ele estava trabalhando simultaneamente, as pinturas de Marilyn e as ‘pinturas de Morte e Desastre’ estão intrinsecamente ligadas”, disse Galperin.
Em 2013, um trabalho menor da série, “Silver Car Crash (Double Disaster)” foi vendido na Sotheby’s por um recorde de U$ 105,4 milhões (R$ 575 milhões). Ele reinou como a obra de arte mais cara de Warhol até o ano passado, quando uma de suas serigrafias de Monroe quebrou o recorde de qualquer artista americano, alcançando US$ 195 milhões (R$ 1.064 bilhão).
Antes da venda, “White Disaster” estava em uma coleção particular por 25 anos e era propriedade de Heiner Friedrich, fundador da Day Art Foundation, e do negociante de arte Thomas Ammann, de acordo com a Sotheby’s. Ela apareceu em grandes exposições sobre Warhol e pop art mais amplamente no Tate Museum em Londres, no Museu de Arte Moderna de Nova York, no Centre Pompidou em Paris e, mais recentemente, no Walker Art Center em Minneapolis.
A obra estava à venda em um dos dois grandes leilões realizados na Sotheby’s de Nova York na quarta-feira, que somaram US$ 314,9 milhões. Em outro lugar, uma pintura sem título de Willem de Kooning foi vendida por US$ 34,8 milhões, a segunda maior quantia já paga por uma obra do artista holandês-americano, informou a casa de leilões. Obras de Francis Bacon e Jean-Michel Basquiat estavam entre algumas das outras vendas de oito dígitos.