Teste de míssil da Coreia do Norte falha, diz governo da Coreia do Sul
ICBM é o míssil balístico intercontinental mais poderoso que o país tem
O suposto lançamento da Coreia do Norte de seu mais poderoso míssil balístico intercontinental (ICBM) falhou na quinta-feira , de acordo com uma fonte do governo sul-coreano.
Enquanto isso, Pyongyang, capital da Coreia do Norte, intensificou sua bateria de testes de mísseis em um cenário de exercícios militares dos EUA e da Coreia do Sul que estavam programados para terminar na sexta.
No entanto, poucas horas após o suposto teste ter fracassado, Washington e Seul concordaram em estender esses exercícios em larga escala para uma data ainda desconhecida, de acordo com um comunicado da Força Aérea da Coreia do Sul, que disse que “era necessário demonstrar uma sólida postura de defesa combinada” da aliança bilateral sob a atual crise de segurança, intensificada pelas provocações da Coreia do Norte”.
Os exercícios conjuntos, denominados “Vigilant Storm”, começaram na segunda-feira e envolvem 240 aeronaves e “milhares de militares” dos dois países, segundo o Departamento de Defesa dos EUA.
A Coreia do Norte se opôs a esses exercícios em declarações divulgadas nesta semana, antes de aumentar as tensões na península com uma enxurrada de testes de armas na quarta e quinta-feira.
Suposto ICBM teste
O ICBM teria sido lançado da costa oeste da Coreia do Norte por volta das 7h39, hora local, e voado cerca de 750 quilômetros (466 milhas) antes de cair no Mar do Japão, também conhecido como Mar do Leste, a leste da Península Coreana, disse o Ministério da Defesa do Japão.
A fonte do governo sul-coreano disse que as autoridades suspeitam que seja um Hwasong-17, o míssil balístico intercontinental mais avançado da Coreia do Norte, que foi testado com sucesso pela primeira vez em 24 de março.
Esse lançamento estabeleceu um novo padrão para Pyongyang, registrando a altitude mais alta e a maior duração de qualquer míssil norte-coreano já testado. O míssil atingiu uma altitude máxima de 6.248,5 quilômetros (3.905 milhas) e voou uma distância de 1.090 quilômetros (681 milhas), de acordo com um relatório da Agência Central de Notícias da Coreia na época. O tempo de voo foi de 68 minutos, acrescentou o relatório.
No entanto, uma fonte do governo sul-coreano disse à CNN que as autoridades acreditam que o míssil disparado na quinta-feira só conseguiu se separar no segundo estágio e parece ter falhado depois disso, caindo no mar entre a península coreana e o Japão. O lançamento de quinta-feira atingiu uma altitude máxima de cerca de 2.000 quilômetros (1.242 milhas), de acordo com o Ministério da Defesa do Japão – menos de um terço da altura recorde estabelecida em março.
No Japão, o suposto lançamento do ICMB desencadeou alertas para se abrigar nas prefeituras de Miyagi, Yamagata e Niigata, no norte, onde o gabinete do primeiro-ministro japonês inicialmente disse que deveria sobrevoar. O Ministério da Defesa do Japão avaliou mais tarde que o míssil não atravessou o Japão.
A Coreia do Norte seguiu o suposto teste do ICBM na quinta-feira com dois lançamentos de mísseis balísticos de curto alcance, segundo a Coreia do Sul e o Japão.
Em um comunicado na quinta-feira, o Estado-Maior Conjunto da Coreia do Sul (JCS) disse que os repetidos lançamentos de mísseis balísticos de Pyongyang “são uma séria provocação que prejudica a paz e a estabilidade não apenas da Península Coreana, mas também da comunidade internacional”.
Os testes de quinta-feira acontecem poucas horas antes do secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, se encontrar com seu colega sul-coreano Lee Jong-sup no Pentágono.
A porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos EUA, Adrienne Watson, disse em comunicado na quinta-feira que Washington “condena veementemente” os testes de mísseis balísticos da Coreia do Norte, dizendo que eles são uma “violação flagrante de várias resoluções do Conselho de Segurança da ONU e aumentam desnecessariamente as tensões e os riscos de desestabilizar a situação de segurança na região”.
Os mísseis norte coereanos
O Hwasong-17 foi descrito pela mídia estatal norte-coreana como um “poderoso dissuasor de guerra nuclear”.
Poderia, pelo menos teoricamente, colocar todo o continente dos EUA ao alcance de uma ogiva nuclear norte-coreana, mas há muitas incógnitas sobre a capacidade do míssil de lançar uma carga nuclear no alvo.
É, no entanto, grande o suficiente para transportar uma arma nuclear, ou possivelmente várias armas nucleares, de acordo com especialistas.
Os lançamentos de quinta-feira elevam a contagem de testes de mísseis norte-coreanos para pelo menos 30 até agora este ano, de acordo com uma contagem da CNN – embora a contagem de mísseis individuais seja muito maior.
As armas disparadas incluem mísseis de cruzeiro e mísseis balísticos, os últimos dos quais formaram a grande maioria dos testes da Coreia do Norte este ano.
Existem diferenças substanciais entre esses dois tipos de mísseis.
Um míssil balístico é lançado usando um foguete ou foguetes, então viaja para fora da atmosfera da Terra, planando no espaço antes da reentrada e depois descendo movido apenas pela gravidade até seu alvo.
Um míssil de cruzeiro é movido por um motor a jato, permanece dentro da atmosfera da Terra durante seu voo e é manobrável com superfícies de controle semelhantes às de um avião. Os mísseis de cruzeiro têm cargas úteis menores do que os mísseis balísticos, por isso exigiriam uma ogiva nuclear menor do que um míssil projetado para atingir o território continental dos Estados Unidos, como um míssil balístico intercontinental.
As resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas proíbem a Coreia do Norte de testar mísseis balísticos, mas tal restrição não se aplica ao teste de mísseis de cruzeiro.
A capacidade da Coreia do Norte de implantar uma ogiva nuclear em qualquer tipo de míssil não foi comprovada.
Relembre o total diário de mísseis de curto alcance lançados neste semana
Na quarta-feira, a Coreia do Norte lançou pelo menos 23 mísseis de curto alcance de vários tipos para o leste e oeste da península coreana, segundo o Ministério da Defesa sul-coreano.
Foi o maior número de mísseis de curto alcance norte-coreanos disparados em um único dia e incluiu um míssil balístico que caiu perto das águas territoriais sul-coreanas pela primeira vez desde a divisão da Coreia, segundo o JCS.
Esse míssil atingiu águas internacionais 167 quilômetros (104 milhas) a noroeste da ilha de Ulleung, na Coreia do Sul, cerca de 26 quilômetros ao sul da Linha do Limite Norte (NLL) – a fronteira marítima intercoreana de fato que a Coreia do Norte não reconhece.
Seul respondeu na quarta-feira lançando três mísseis ar-terra dos caças F-15K e KF-16, visando uma área à mesma distância ao norte do NLL.
A Coreia do Norte está lançando mísseis em uma “frequência sem precedentes”, disse o primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, a repórteres nesta quarta-feira.
A embaixadora dos EUA na ONU, Linda Thomas-Greenfield, condenou o lançamento sem precedentes de mísseis da Coreia do Norte, dizendo à CNN que a ONU estaria “pressionando” a China e a Rússia para melhorar e aumentar essas sanções.
*Colaboraram Brad Lenon e Michael Conte
**Publicado por Carolina Cerqueira