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      Alexandre Pierantoni - Diretor de Finanças Corporativas da Kroll no Brasil

      Alexandre Pierantoni tem mais de 25 anos de atuação em finanças corporativas, com experiência nos setores de consumo, industrial, TI, saúde e educação. Atualmente é diretor de Finanças Corporativas da Kroll no Brasil.

      Alexandre é formado em administração na Alemanha e graduado em economia no Brasil, onde também possui MBA com especialização em Finanças pela Fundação Getulio Vargas (FGV-EAESP).

      Também participou de programas executivos na Northwestern University/Kellogg School of Management, New York Institute of Finance e MIT – Massachusetts Institute of Technology.

      É membro voluntário da ENDEAVOR no Brasil desde 2001.

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    O impacto do ESG na avaliação de empresas em Fusões e Aquisições

    As questões relacionadas aos pilares ESG estão se tornando cada vez mais relevantes para todos os setores, sendo cada vez mais objeto de análise e avaliação por parte dos investidores. Enfrentam questionamentos e pressões de entidades não governamentais e sociais e diretamente dos consumidores, cada vez mais atentos e seletivos na origem dos produtos e serviços que escolhem consumir.

    No contexto de Fusões e Aquisições (M&A), a pressão sobre questões ESG está, além do impacto na rentabilidade, diretamente associada à transparência. Os acionistas não são mais os únicos que importam e sim toda a cadeia envolvida, os stakeholders – todas as partes: insumo, produção, consumo, incluindo o que vem depois, como o lixo e outras possíveis consequências.

    Como o comportamento e reações de investidores e o impacto em consumidores se dará a médio e longo prazo? Consequências de perspectivas destes comportamentos têm impactado a seleção e atratividade de empresas alvo de aquisições, sua avaliação e percepção de risco e respectiva alocação dos recursos.

    Priorizar ESG, entretanto, tem sido difícil em diversos negócios. Vemos que, dentre seus pilares, o E (Ambiental) e o G (Governança) têm prioridade e estão mais desenvolvidos pelas empresas. Isto se dá porque muitos líderes tradicionalmente enxergam e consideram ESG sob o prisma de mitigação de riscos, ou na necessidade de incorrer em investimentos e custos para evitar consequências negativas em seus negócios.

    Há, porém, claras indicações de que o ESG pode – e deve ser tratado – como uma forma de aumentar a atratividade dos negócios e criar valor para as empresas, a médio e longo prazo. Segundo o relatório anual ABC (antissuborno e corrupção) da Kroll, fruto de pesquisa global realizada com CEOs, 52% das empresas na Europa incluem métricas ESG como parte de seus programas de conformidade. Entrevistados indicam que todos os aspectos de ESG agora recebem maior consideração em seus programas ABC, com aspectos como poluição do ar e da água e direitos trabalhistas se tornando características mais sistêmicas.

    Um dos grandes desafios é a falta de padronização de relatórios de métricas relacionadas a ESG. Mas os cenários em evolução das estruturas regulatórias ESG em 2022 e os crescentes requisitos de conformidade legal implicados desencadearam a adoção mais ampla da due diligence ESG nos programas ABC.

    Mas ainda há grandes questões sobre como os programas ABC estão lidando com certos aspectos de ESG, particularmente a escravidão moderna, bem como o estabelecimento, medição e comunicação de metas de sustentabilidade. Embora as leis de escravidão moderna sejam cada vez mais prevalentes, como o California Transparency in Supply Chains Act e o UK Modern Slavery Act sendo alguns dos mais proeminentes, detectar escravidão e tráfico humano em cadeias de suprimentos é excepcionalmente difícil.

    A pesquisa da Kroll revelou que os abusos de direitos humanos incluindo escravidão moderna e tráfico de pessoas, registraram um dos maiores aumentos em aspectos que agora estão incluídos nos programas de compliance, saltando 11 pontos percentuais globalmente de 24% em 2021 para 35% em 2022. Isso talvez reflita uma crescente conscientização sobre essa e outras questões ESG por parte de todas as partes interessadas.

    Em março, a Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC) divulgou propostas para obrigar empresas públicas a divulgarem informações sobre riscos relacionados ao clima e emissões de gases de efeito estufa – um passo além de seus requisitos atuais em relatórios corporativos. O Reino Unido exigirá que, a partir de 2023, todas as empresas listadas e instituições financeiras mostrem como pretendem atingir as metas de mudanças climáticas, com planos examinados por um painel de especialistas.

    Embora os compromissos assumidos pelas empresas não sejam obrigatórios, as empresas que não atingirem seus próprios objetivos serão, sem dúvida, vistas com decepção no tribunal da opinião pública. O perigo de ser acusado de greenwashing – fazer alegações infundadas ou não verificadas sobre os esforços ESG – é algo que as organizações devem levar muito a sério.

    As empresas precisam estabelecer metas que façam a diferença e mostrem um progresso genuíno. Felizmente, a criação do International Sustainability Standards Board (ISSB), organização independente do setor privado lançada pela International Financial Reporting Standards Foundation (IFRS), significa que uma linha de base global de padrões de divulgação de sustentabilidade está sendo desenvolvida.

    É certo que uma maior regulamentação e uma padronização internacional de benchmarks e métricas são um passo na direção certa, e esperamos que os reguladores nacionais e internacionais coordenem iniciativas há muito esperadas para mitigar obstáculos e custos de conformidade e melhores práticas. Enquanto mais empresas avançam seus programas para incorporar a conformidade ESG e uma proposta e cultura ESG mais fortes.

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