“Não foi exatamente um grito”, dizem historiadores sobre o dia da Independência
Dia da Independência não aconteceu como é contado nos livros de história. Segundo especialistas, ato foi muito romantizado.
No dia 7 de setembro, dia da Independência do Brasil, muito se fala do famoso grito de Dom Pedro I. Porém, de acordo com alguns historiadores, o verdadeiro ato não foi tão romântico como se conta nos livros ou como foi ilustrado no famoso quadro de Pedro Américo.
A historiadora e antropóloga, Lilia Schwarcz conta que no dia 7 de setembro de 1922, a Independência já tinha ocorrido. “Já tinham acontecido episódios como o dia do Fico, o Cumpra-se, a carta de Maria Leopoldina, decisões do partido brasileiro, mas faltava o ato romântico. Esse ato se deu em São Paulo, mas não foi exatamente um grito.”
Schwarcz conta que Dom Pedro I vinha de uma longa viagem e para trajetos como esses usava-se as mulas e não os cavalos. “Dom Pedro estava em uma mula e não vestia roupas oficiais. Ele vinha de uma missão nada oficial e por isso não estava vestido oficialmente. O ato aconteceu no riacho do Ipiranga porque Dom Pedro não estava bem de suas funções intestinais e precisava parar muitas vezes para apear-se”, relatou a historiadora.
Foi nesse cenário que Dom Pedro foi alcançado pelas tropas que vinham do Rio de Janeiro pedindo a independência.
Ainda sobre a data, o historiador Álvaro Nascimento também relata que depois do dia 7 de setembro ainda aconteceram várias negociações e boatos de invasões portuguesas. “Ainda havia a possibilidade de restauração do império português e o dia não foi um ato tão heroico assim”.
Já a docente da USP, Cecília Helena de Salles Oliveira, disse que Dom Pedro I era muito sagaz e ele que estabeleceu o 7 de setembro como o marco da separação da província Brasil, de Portugal. “Vários historiadores desconfiam do grito como ele foi contado”.