Alckmin tenta nova data para discutir tarifas com secretário americano
Reunião estava prevista para semana passada, mas não foi realizada; Ministério ainda vê margem para negociar taxação ao aço e ao alumínio


O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin (PSB), quer se reunir com o secretário do Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnick, ainda neste mês para debater as tarifas impostas recentemente pelo país norte-americano.
A equipe de comunicação de Alckmin informou à CNN que a previsão é de que a conversa seja realizada em março, mas que a data ainda não foi definida.
A reunião entre os dois estava prevista inicialmente para ser realizada na última sexta-feira (28), de forma virtual. O encontro não aconteceu, e na agenda do vice-presidente constavam apenas despachos internos.
Na ocasião, o ministro afirmou que o governo brasileiro já estava em contato com o setor no Brasil, desenvolvendo soluções em parceria com a Confederação Nacional da Indústria (CNI).
Desde que Trump anunciou novas medidas tarifárias, o governo brasileiro adota uma postura de cautela em relação ao tema. Alckmin defende manter um diálogo com as autoridades norte-americanas como estratégia para reverter as medidas.
Além da tarifa de 25% sobre as importações norte-americanas de aço e ferro, Donald Trump anunciou um memorando para estudar a aplicação de tarifas recíprocas. Ao anunciar o plano para um comércio internacional “justo e recíproco”, o presidente dos EUA colocou o etanol brasileiro na mira de sua agenda econômica.
“A tarifa dos EUA sobre o etanol é de apenas 2,5%. Mesmo assim, o Brasil cobra das exportações de etanol dos EUA uma tarifa de 18%. Como resultado, em 2024, os EUA importaram mais de US$ 200 milhões em etanol do Brasil, enquanto os EUA exportaram apenas US$ 52 milhões em etanol para o Brasil”, disse Trump em documento divulgado após o anúncio do memorando.
Segundo o governo norte-americano, os “impostos não recíprocos” custam às empresas norte-americanas mais de US$ 2 bilhões por ano.
Canadá, China e México
Na última terça-feira (4), entrou em vigor as tarifas gerais de 25% impostas pelo governo Donald Trump sobre o México e o Canadá. Em relação à China, o presidente dos Estados Unidos definiu uma tarifa de 20% sobre todas as importações chinesas, que se somam aos tributos existentes já pagos pelo país asiático.
Diante desse cenário, a China anunciou tarifas retaliatórias sobre alguns produtos americanos logo após a taxa norte-americana de 20% sobre as importações chinesas entrar em vigor. Entre os produtos afetados, estão frango, trigo, milho e algodão.
O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, disse que o seu país também adotará tarifas retaliatórias contra os EUA. Em entrevista concedida na última terça-feira (4), o primeiro-ministro afirmou que o governo canadense vai implementar tarifas de 25% sobre produtos.
A presidente do México, Claudia Sheinbaum, também sinalizou que o governo mexicano responderá aos EUA com medidas tarifárias e não tarifárias. Sheinbaum declarou na terça-feira (4) que não há justificativa para a implementação de tarifas de 25% impostas por Trump.
O governo dos EUA justifica, oficialmente, que as medidas tarifárias sobre os vizinhos se tornaram necessárias em razão da entrada de drogas vindas desses países. As tarifas também têm como objetivo proteger a indústria local e estimular a produção norte-americana.