Bolsa argentina cai de mais de 5% após polêmica de Milei com cripto
Milei elogiou criptoativo que despencou logo após publicação; presidente argentino apagou postagem e tentou se retratar


Principal indicador da bolsa da Argentina, o índice S&P Merval encerrou os negócios desta segunda-feira (17) em queda de 5,58%.
A baixa das ações argentinas veio após o presidente Javier Milei elogiar nas redes sociais uma criptomoeda chamada $Libra, que logo depois sofreu forte desvalorização.
Após o criptoativo despencar, Milei excluiu a publicação feita no X e disse que não tinha nenhuma relação com a moeda digital.
“Eu não estava ciente dos detalhes do projeto e, quando descobri, decidi não continuar conferindo publicidade a ele”, afirmou Milei em outra postagem após apagar a publicação.
O planejamento por trás do ativo era de, a princípio, atrair capital para desenvolver startups dos setores de criptomoedas e inteligência artificial (IA), contou ao CNN Money Felipe Martorano, analista de cripto da Levante.
Porém, o que se avalia é que os investidores por trás da $Libra tenham realizado um movimento conhecido como rug pull (“puxada de tapete”, em tradução livre).
A manobra consiste em atrair investidores legítimos para valorizar o ativo, e então se desfazer de posições para realizar lucros, liquidando o valor no fim das contas.
“O presidente Milei começou a alegar que não tinha as informações necessárias suficientes, que não estava a par do projeto como um todo. Entretanto, isso não o isenta da responsabilidade como presidente da Argentina, e não poderia divulgar sem ter as informações necessárias”, avaliou Martorano.
O episódio abriu uma crise na Casa Rosada, com parlamentares da oposição ameaçando apresentar um pedido de impeachment contra Milei.
“A reação dos mercados hoje era esperada, natural por conta da controvérsia envolvendo criptomoeda na última sexta. Ainda é cedo para dizer se será pontual ou não. Teremos que acompanhar o desenrolar das investigações, maiores detalhes”, disse Patricia Krause, economista-chefe Latin América da Coface.
*Com informações de Reuters