
Presidiários argentinos jogam rugby para iniciar ressocialização
História do esporte nas prisões será retratada em série


O escrivão criminal argentino e ex-jogador de rúgbi Eduardo “Coco” Oderigo queria encontrar uma maneira de ajudar os presos a se reabilitarem e ficarem fora da prisão quando fossem soltos, então ele combinou suas duas paixões: o direito e o conhecimento do esporte.
O plano enfrentou desafios, incluindo convencer diretores de prisões céticos a deixar criminosos endurecidos fazerem scrum e tackle em um jogo de contato físico, mas funcionou.
Os prisioneiros que jogaram nos times tiveram uma taxa de reincidência de 5%, muito abaixo da média do sistema prisional argentino de 65%. Menos ainda retornaram à prisão.
“Na realidade, não é apenas que a taxa de reincidência cai para 5%, mas também há um número incontável de pessoas que não se tornam vítimas quando essas pessoas são soltas”, disse Oderigo à Reuters.
Sua jornada foi transformada em “Spartans: A True Story”, uma série do Disney+ que estreia na quarta-feira (19), uma referência ao nome do primeiro time de prisão que ele montou, os Espartanos.
A primeira partida aconteceu há 16 anos na Unidade Penal número 48 de San Martin, nos arredores de Buenos Aires. Hoje, o rugby é jogado em 44 prisões na Argentina. Oderigo também ajuda a conectar prisioneiros com ferramentas educacionais e empregos em potencial.
“Na prisão, todos os obstáculos estão lá desde a primeira porta trancada. A verdade é que eu tinha algo pelo qual era apaixonado, que era o esporte”, disse Oderigo.
Oderigo, que também fundou um time de rugby feminino na prisão e, mais tarde, a Espartanos Foundation, descobriu que a agressão controlada e a natureza focada no time do rugby ajudaram a reduzir os níveis de violência nas prisões após as partidas. O esquema também ajudou os prisioneiros a se reintegrarem à sociedade mais tarde.
Os Spartans receberam visitas dos times de rugby da Inglaterra e da Nova Zelândia, que queriam aprender sobre o projeto. Os “All Blacks” até fizeram seu tradicional Haka, a dança que eles realizam antes de cada partida, na prisão.