Juros futuros têm leves baixas com dados fracos de serviços
Dados de inflação divulgados no meio da manhã nos EUA trouxeram pressão de alta para as taxas dos DIs, em especial entre os contratos mais longos


A curva de juros brasileira se inclinou nesta quarta-feira (12), com a leve queda das taxas dos DIs de curto prazo e o avanço das taxas de longo prazo, após dados mostrarem retração do setor de serviços no Brasil em dezembro e inflação mais forte que o esperado nos Estados Unidos em janeiro.
No fim da tarde a taxa do DI (Depósito Interfinanceiro) para julho de 2025 — um dos mais líquidos no curtíssimo prazo — estava em 14,165%, ante o ajuste de 14,174% da sessão anterior. Já a taxa do contrato para janeiro de 2026 marcava 14,89%, em baixa de 4 pontos-base ante o ajuste de 14,926%.
Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2031 estava em 14,87%, em alta de 8 pontos-base ante 14,793% do ajuste anterior, e o contrato para janeiro de 2033 tinha taxa de 14,82%, ante 14,745%.
Pela manhã o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o setor de serviços teve retração de 0,5% em dezembro ante novembro e teve expansão de 2,4% em relação ao mesmo mês do ano anterior. Os resultados ficaram abaixo das projeções de economistas em pesquisa da Reuters, de avanços de 0,1% e 3,5%, respectivamente.
Apesar de o setor de serviços ter acumulado ganhos de 3,1% em 2024, o recuo visto em dezembro sugere perda de tração econômica no encerramento do ano, o que fez preço na ponta curta da curva de juros. O leve recuo do dólar ante o real era outro fator de alívio para as taxas futuras. Às 9h01 — logo após a abertura – a taxa do DI para janeiro de 2026 atingiu a mínima de 14,85%, em baixa de 8 pontos-base ante o ajuste da véspera.
Dados de inflação divulgados no meio da manhã nos EUA trouxeram pressão de alta para as taxas dos DIs, em especial entre os contratos mais longos.
O índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) subiu 0,5% em janeiro, depois de alta de 0,4% em dezembro, informou o Departamento do Trabalho.
Nos 12 meses até janeiro, o índice avançou 3,0%, de 2,9% em dezembro. Economistas consultados pela Reuters previam altas de 0,3% e 2,9%, respectivamente.
A inflação mais alta que o esperado nos EUA elevou a percepção de que o espaço para o Federal Reserve promover mais cortes de juros é limitado, o que deu sustentação aos rendimentos dos Treasuries.
No Brasil, as taxas dos DIs mais longos — os mais influenciados pelo cenário externo — avançaram durante o dia e renovaram máximas perto do fechamento. Às 16h13 a taxas do vencimento para janeiro de 2031 estava no pico de 14,91%, em alta de 12 pontos-base ante o ajuste da véspera.
Pela manhã, durante evento no Rio de Janeiro, o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou que é esperado que a instituição seja mais agressiva ao promover elevações da taxa Selic e mais cautelosa em momentos de corte dos juros básicos.
“Reação preventiva precisa sempre existir, mas é esperado também que o BC tenha uma função de reação assimétrica para altas e para baixas (da Selic). Se o BC deve ser mais agressivo num momento de alta, ele deve ser mais parcimonioso e cauteloso no momento de fazer qualquer movimento para baixo”, disse. Atualmente, a Selic está em 13,25% ao ano.
Galípolo disse ainda que há muita incerteza sobre as tarifas anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, mas acrescentou que o BC tem ouvido que o Brasil poderia sofrer um impacto menor em função de sua inserção limitada na economia norte-americana.
No mercado, os ativos continuam precificando elevação de 100 pontos-base para a Selic em março, mas o cenário para o encontro de maio do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC segue mais divido.
Na terça-feira, o mercado de opções de Copom da B3 precificava 44,50% de probabilidade de alta de 50 pontos-base da Selic em maio, 23,50% de chances de elevação de 75 pontos-base e 18,00% de probabilidade de alta de 100 pontos-base. As apostas numa elevação de apenas 50 pontos-base em maio têm aumentado nas últimas semanas.
No exterior, os rendimentos dos Treasuries tinham ganhos firmes no fim da tarde, em meio à perspectiva de que o Fed será mais cauteloso na política monetária por conta da inflação. Às 16h42, o rendimento do Treasury de dez anos –referência global para decisões de investimento– subia 10 pontos-base, a 4,637%.
Serasa: brasileiros demoram a fazer plano financeiro de aposentadoria