Governo estuda criar cargo para combater o negacionismo climático
Assessor da área internacional do Planalto, Frederico Assis, é o nome cotado para a função
O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) estuda criar o cargo de enviado especial contra o negacionismo climático, na organização da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30).
Caso o governo oficialize a nova função, o nome cotado para ocupá-la é Frederico Assis, da área internacional do Palácio do Planalto. Ele é subordinado ao ex-chanceler Celso Amorim, que, hoje em dia, atua como assessor especial do presidente Lula.
Segundo fontes do governo, Assis já recebeu o convite e a nomeação deve ser publicada nos próximos dias. A informação sobre a criação do cargo foi antecipada pelo jornal Folha de S.Paulo e confirmada pela CNN Brasil.
Assis é formado em Relações Internacionais e mestre em História Social pela Universidade de São Paulo (USP). Ele já foi coordenador-geral da Secretaria de Relações Internacionais e Federativas da Prefeitura de São Paulo e assessor especial do prefeito da capital paulista.
Os detalhes sobre as atribuições do cargo ainda estão sendo definidos pelo Ministério das Relações Exteriores (MRE) e pela Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom).
O ocupante da função deverá se reportar ao presidente da COP30, o embaixador André Corrêa do Lago. Entre as responsabilidades previstas estão a interlocução com plataformas digitais, movimentos sociais e agentes políticos.
A possível criação do cargo ocorre em um momento no qual o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, adota medidas que vão na contramão do combate à crise climática.
Trump é crítico de políticas de proteção ambiental e defende um plano de crescimento econômico baseado na expansão da exploração de petróleo, como estratégia para impulsionar a economia e conter a inflação.
COP30
A COP30 será realizada entre os dias 10 e 20 de novembro, em Belém (PA). Mesmo com o posicionamento de Trump, o governo brasileiro vai convidar o líder dos EUA para o evento.
No governo brasileiro, no entanto, a expectativa é que Trump não compareça. Diplomatas avaliam que, com o embate mundial entre Estados Unidos e China, há chances de Xi Jinping marcar presença.
Em janeiro, o governo nomeou Corrêa do Lago como presidente da COP30 e Ana Toni, secretária nacional de Mudança do Clima, do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, como diretora-executiva (CEO) do evento.
De acordo com Corrêa do Lago, o Brasil terá alguns desafios na COP30. Um deles seria a revisão das metas climáticas de todos os países que assinaram o Acordo de Paris, exatamente 10 anos depois do tratado ter sido fechado na capital francesa.
Outra grande questão seria o financiamento das ações contra as mudanças climáticas, um tema que gerou muitas discussões, mas poucos resultados nas últimas COPs.