Operação Torniquete: Polícia do Rio faz buscas em cinco estados
Agentes cumprem 74 mandados de busca e apreensão no Complexo da Maré e na Baixada Fluminense, no Rio, e no Ceará, Bahia, Goiás e Santa Catarina
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A Polícia Civil do Rio de Janeiro deflagrou uma nova fase da Operação Torniquete, contra roubos de cargas e de veículos, no Complexo da Maré, na Baixada Fluminense em outros quatro estados, na manhã desta quinta-feira (6).
Os agentes cumprem 74 mandados de busca e apreensão nas comunidades da Nova Holanda e Parque União, na Maré, em regiões da Baixada Fluminense e nos estados do Ceará, Bahia, Goiás e Santa Catarina.
O objetivo da ação desta quinta é combater um sofisticado esquema criminoso que envolve roubos de cargas e de veículos, receptação qualificada e lavagem de dinheiro. Desde setembro de 2024, a polícia já prendeu mais de 360 pessoas durante a Operação Torniquete.
A operação resultou em cinco presos e um suspeito morto. Foram recuperados oito veículos e diversos dispositivos eletrônicos foram apreendidos.
A investigação teve início no meio do ano passado, após diversos registros de ocorrências indicarem que dois grupos criminosos estruturados e organizados estariam escondidos no Complexo da Maré. Seus integrantes são vinculados ao Comando Vermelho e seriam responsáveis pelos grandes roubos de cargas do estado do Rio de Janeiro.
A Delegacia de Roubos e Furtos de Cargas (DRFC) identificou a estrutura desses grupos após a prisão de um de seus integrantes, que relatou a existência de um “escritório” na Maré, onde os criminosos se reúnem para planejar os roubos de cargas e a revenda dos bens subtraídos.
Segundo a polícia, neste escritório há quatro computadores que armazenam os dados dos funcionários das empresas que fornecem informações privilegiadas para a quadrilha e os dados de empresários que receptam as cargas subtraídas. A Polícia Civil afirma que os dois líderes desses grupos possuem mandados de prisão pendentes pelo crime de roubo de cargas.
Os criminosos atuam nas principais vias do estado e o transporte das cargas subtraídas é realizado em comunidades de Duque de Caxias e nos complexos do Alemão, da Maré e de Manguinhos.
Empresas de fachada e lavagem de dinheiro
Durante as investigações, a polícia apurou que membros do grupo criminoso abriam empresas de fachada para realizar transações financeiras junto aos receptadores das cargas subtraídas, legalizar o patrimônio adquirido com o dinheiro dos roubos e tentar se esquivar de possíveis investigações criminais.
Diante dessas informações, a DRFC solicitou a cooperação do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). Um grande esquema criminoso foi descoberto por meio de movimentações financeiras envolvendo roubadores de carga, seus familiares e empresários que receptavam as cargas.
Os dados do Coaf mostram que os criminosos teriam movimentado mais de R$ 18 milhões entre 2022 e 2023, proveniente das vendas das cargas roubadas. A Justiça determinou o bloqueio das contas bancárias relacionadas aos investigados até o limite deste valor.
Essas movimentações foram feitas entre diversos membros do grupo e empresários que compravam as cargas. A polícia também obteve evidências de que cargas de telefones celulares eram enviadas para o estado do Ceará e pagas por meio de transferências bancárias diretamente para os roubadores e seus familiares.
Essa mesma dinâmica era realizada com o envio de veículos roubados para a Bahia. Há também indícios de envio de cargas roubadas para Santa Catarina e Goiás.