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Christopher Garman: Como Trump lidará com Brasil após ameaças à Colômbia?
Diretor-executivo para as Américas da Eurasia Group avalia que estratégia do republicano de usar tarifas desproporcionais para atingir objetivos imediatos é risco para relação com Planalto
A recente ameaça tarifária do presidente Donald Trump à Colômbia acende um alerta vermelho para o Brasil, segundo análise de Christopher Garman, diretor-executivo para as Américas da Eurasia Group. O especialista avalia que o episódio reforça a estratégia de Trump de utilizar ameaças tarifárias desproporcionais para obter resultados rápidos em questões de política externa.
O incidente ocorreu após o presidente colombiano, Gustavo Petro, rejeitar inicialmente a entrada de um avião com deportados colombianos. Trump respondeu com a ameaça de impor tarifas de 25% a 50% sobre produtos colombianos. A situação foi resolvida em apenas oito horas, com a Colômbia aceitando receber os deportados, desde que em um avião do governo colombiano.
Estratégia de pressão
“O problema não é a imigração, mas é uma estratégia do governo Trump de utilizar tarifas desproporcionais para poder atingir os seus objetivos de política externa”, afirma Garman.
A análise sugere que o Brasil deve se preparar para possíveis pressões econômicas durante o governo Trump. A rapidez com que a Colômbia cedeu às exigências americanas pode encorajar o uso dessa tática em futuras negociações internacionais, colocando o Brasil em uma posição potencialmente vulnerável.
Garman destaca que, embora o tema da imigração não seja o problema central, o país enfrenta diversos pontos de atrito potencial com os Estados Unidos. Entre eles estão a situação jurídica do ex-presidente Jair Bolsonaro, que gera reações negativas no partido Republicano; a proximidade do Brasil com a China – especialmente no contexto em que o país sediará a cúpula dos BRICS – e a regulação de plataformas de mídias sociais, à qual o governo Trump se opõe.
Em cada um desses elementos, é plausível que a Casa Branca possa recorrer a ameaças tarifárias para tentar provocar mudanças na postura do governo brasileiro.