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    Agenda de Haddad atende expectativas, mas não convence, dizem analistas

    Lista de prioridades do governo federal para 2025 e 2026 sinaliza um comprometimento com fiscal e economia, mas implementar as medidas e definir metas são principais dificuldades

    Patrick Fuentescolaboração para a CNN , São Paulo

    A lista de prioridades da agenda econômica do governo federal para 2025 e 2026 está alinhada com as expectativas do mercado, mas não convence os agentes diante das dúvidas para a implementação das medidas, afirmam economistas consultados pela CNN.

    Para os analistas, os principais gargalos estão na definição de metas tangíveis nos desenhos das políticas econômicas e em um diálogo efetivo com o Congresso Nacional para avançar as pautas propostas até as próximas eleições.

    O Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, apresentou uma lista com 25 pontos durante reunião ministerial com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), nesta segunda-feira (20).

    A lista é encabeçada pelo fortalecimento do arcabouço fiscal, para assegurar a expansão do Produto Interno Bruto (PIB), diminuir o desemprego, manter a inflação baixa e estabilizar a dívida pública.

    Para André Matos, CEO da MA7 Negócios, as prioridades vão em linha com o que o mercado espera, sobretudo nas pautas de reforma tributária e do novo arcabouço fiscal.

    “A disciplina fiscal, o estímulo ao crédito sustentável e a modernização do sistema tributário são bem vistos”, analisa.

    Porém, a lista não foi suficiente para afastar temores dos analistas.

    “O mercado continua cauteloso devido à necessidade de ações mais concretas e à imprevisibilidade política que pode impactar a execução dessas iniciativas”, completa.

    Julio Ortiz, CEO e co-fundador da CX3, vê que a lista, por mais que significativa, não representa evolução na forma que o mercado enxerga as políticas econômicas do governo.

    “Não vemos nenhuma evolução na administração das contas públicas, que gera stress nos mercados, e deve afetar crescimento, juro e inflação. As previsões para 2025 e 2026 têm deteriorado nas últimas semanas e as medidas anunciadas não devem ser suficientes para retomar a confiança perdida”, explica.

    Para Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados, o dispositivo é um item contraditório para estar na agenda de 2025 e 2026, uma vez que políticas adotadas enfraquecem o alicerce fiscal do Brasil.

    “Nos últimos dois anos não houve um fortalecimento do arcabouço, que é mal desenhado e não consegue apresentar crescimento concreto. É o item mais problemático. Por mais que fale de estabilizar a dívida pública, o arcabouço entrega o oposto”, pontua.

    Diálogo com Legislativo

    No entanto, todos os especialistas consultados pela CNN destacam que será necessário um diálogo com o Congresso Nacional para aprovar medidas, como a reforma de renda e ampliação da isenção do Imposto de Renda.

    O anúncio da reforma da renda junto com a apresentação do pacote fiscal ocasionou ruído no mercado financeiro.

    A expectativa do governo é que projeto seja enviado ao Congresso Nacional em 2025, para que seja implementado a partir de 2026.

    “Nós temos um Executivo que não tem uma boa relação com o Congresso e pode não conseguir avançar em certos itens da lista de prioridades de 2025 e 2026, que é um ano eleitoral”, destaca Vale.

    Para Carlos Braga Monteiro, CEO do Grupo Studio, há pontos que podem ser considerados frágeis ou de execução delicada, como a proposta de reajuste do salário mínimo com um aumento real entre 0,6% e 2,5%.

    “Embora seja uma medida socialmente relevante, sua implementação sem uma base de receitas consistente pode pressionar ainda mais as contas públicas. Além disso, com a ampliação da isenção do Imposto de Renda, apesar de positiva para a população, exige compensações fiscais claras para evitar desequilíbrios”.

    Confira a lista apresentada por Haddad:

    1. Fortalecer o arcabouço fiscal, para assegurar a expansão do Produto Interno Bruto (PIB), diminuir o desemprego e manter a inflação baixa e estabilizar a dívida pública;
    2. Iniciar a implantação da reforma tributária sobre o consumo;
    3. Regulamentar a reforma tributária: lei de gestão e administração do Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), fundos e imposto seletivo;
    4. Reforma sobre a renda com isenção para quem ganha até R$ 5 mil e tributação sobre milionários;
    5. Limitação dos supersalários;
    6. Reforma da previdência dos militares;
    7. Projeto de lei da conformidade tributária e aduaneira, com valorização do bom contribuinte e responsabilização do devedor contumaz;
    8. Nova Lei de Falências;
    9. Fortalecimento da proteção a investidores no mercado de capitais;
    10. Consolidação legal das infraestruturas do mercado financeiro;
    11. Resolução bancária;
    12. Mercado de crédito: execução extrajudicial, consignado do E-social, uso de pagamentos eletrônicos como garantia para empresas e ampliação de garantias em operações de crédito (open asset)
    13. Regulamentação econômica das big techs;
    14. Modernização do marco legal de preços de medicamentos;
    15. Pé-de-Meia: permissão ao aluno investir em poupança ou títulos do Tesouro;
    16. Modernização do regime de concessão e permissão da prestação de serviços públicos e das parcerias público-privadas;
    17. Nova emissão de títulos sustentáveis para trazer recursos do fundo clima;
    18. Avanço na implementação do mercado de carbono, com governança e decreto regulamentador;
    19. Novos leilões do Ecoinvest;
    20. Compra pública com conteúdo nacional programa de desafios tecnológicos para a transformação ecológica;
    21. Estruturação do Fundo Internacional de Florestas;
    22. Conclusão da taxonomia sustentável brasileira;
    23. Política de atração de datacenter e marco legal da inteligência artificial;
    24. Plano Safra e Renovagro: aprimoramento dos critérios de sustentabilidade;
    25. Concluir o mapa e investimentos sustentáveis na BIP (Plataforma de Investimentos para a transformação Ecológica no Brasil).

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