Líderes internacionais reagem à prisão de María Corina Machado
Oposição denunciou que a venezuelana foi interceptada na saída de uma manifestação em Caracas e já foi liberada
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Líderes internacionais reagiram à notícia que a opositora venezuelana María Corina Machado foi presa nesta quinta-feira (9) na saída de uma manifestação em Caracas.
A oposição da Venezuela denunciou que a líder “foi violentamente interceptada à sua saída da concentração em Chacao”, um dia antes da posse de Nicolás Maduro para um terceiro mandato no país.
O grupo afirmou que a líder já foi liberada após ter sido sequestrada.
A ex-deputada venezuelana, que estava escondida há meses, saiu às ruas pela primeira vez nesta quinta-feira.
- Estados Unidos
A Casa Branca condenou Nicolás Maduro e representantes “por tentarem intimidar a oposição democrática da Venezuela” e pediu que o direito da líder da oposição María Corina Machado de “falar livremente” seja respeitado, segundo porta-voz da Segurança Nacional.
“Já condenamos e continuamos condenando publicamente Maduro e representantes por tentarem intimidar a oposição democrática da Venezuela. A repressão e a intimidação não podem apagar o fato de Edmundo González Urrutia ser o verdadeiro vencedor das eleições de 28 de julho”, declarou.
Donald Trump
O presidente eleito dos EUA, Donald Trump, disse nesta quinta-feira (9) no Truth Social que Maria Corina Machado e outros venezuelanos “estão expressando pacificamente as vozes e a vontade do povo” e não devem ser prejudicados.
“A grande comunidade venezuelano-americana nos Estados Unidos apoia esmagadoramente uma Venezuela livre e me apoiou firmemente. Esses lutadores pela liberdade não devem ser feridos e devem permanecer seguros e vivios!”, o americano afirmou.
- Argentina
Em um comunicado oficial divulgado nesta quinta-feira, a Argentina expressou “extrema preocupação com o ataque criminoso do regime chavista contra a líder democrática María Corina Machado na Venezuela, quando ela participava de um protesto legítimo em Chacao”.
A nota informa que o presidente argentino Javier Milei pediu aos demais governos da região “que repudiem o atentado contra Corina Machado” e exijam o fim do regime de Maduro.
O gabinete afirmou que a equipe de Machado perdeu a comunicação com ela e que “agentes do regime de Maduro dispararam contra a sua escolta e alegadamente a sequestraram violentamente perante milhares de pessoas”.
A Argentina reconhece a vitória do opositor Edmundo González nas contestadas eleições presidenciais realizadas ano passado.
- Colômbia
O Ministério das Relações Exteriores da Colômbia expressou “profunda preocupação e rejeição ao aumento e à gravidade dos relatos de violações de direitos humanos ocorridos na Venezuela”.
A chancelaria colombiana afirmou que “relatórios recentes da Comissão Interamericana de Direitos Humanos e do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos apontam para violações graves e sistemáticas de direitos humanos” no país.
As prisões de Carlos Correa e Enrique Márquez e o assédio sistemático a líderes da oposição, incluindo María Corina Machado, levaram o governo colombiano a reiterar seu apelo às autoridades venezuelanas para que respeitem integralmente seus direitos.
A Colômbia ainda pediu para “autoridades venezuelanas a darem plenas garantias, em todo o momento e em todas as circunstâncias, ao exercício do direito à oposição política e à mobilização social, bem como elementos fundamentais do conjunto de direitos civis e políticos”.
El Gobierno de Colombia expresa su profunda preocupación y rechazo ante el incremento y la gravedad de las denuncias de violaciones a los Derechos Humanos que están teniendo lugar en Venezuela en la antesala al próximo 10 de enero.
Los recientes informes de la Comisión…
— Cancillería Colombia (@CancilleriaCol) January 9, 2025
- Espanha
O Ministério de Relações Exteriores da Espanha expressou “total condenação e preocupação”. A chancelaria também mencionou a prisão de Rafael Tudares, Carlos Correa e Enrique Márquez e os demais presos políticos no país.
“A agressão física integridade e liberdade de expressão e manifestação de todos, especialmente os líderes políticos da oposição, devem ser protegidos e salvaguardados”, acrescentou.
- Panamá
O presidente do Panamá, José Raúl Mulino, disse em uma postagem no X que exige a libertação da opositora.
“O Panamá exige e reivindica liberdade total de Maria Corina bem como o respeito pela sua integridade pessoal. O regime ditatorial é responsável pela sua vida!”, o líder afirmou.
Panamá reclama y exige la plena libertad de @MariaCorinaYA así como el respeto a su integridad personal. El régimen dictatorial es el responsable de su vida!
— José Raúl Mulino (@JoseRaulMulino) January 9, 2025
- Guatemala
O Ministério de Relações Exteriores da Guatemala publicou o X que exige a “libertação imediata da líder da oposição” na Venezuela. Na postagem ainda afirmou que “não podemos tolerar mais ações repressivas e ilegítimas do regime de Maduro”.
Exigimos la liberación inmediata de la líder opositora @MariaCorinaYA en Venezuela. No podemos tolerar más las acciones represivas e ilegítimas del régimen de Maduro. Nuestra solidaridad con el Pueblo que lucha por la libertad y la democracia en Venezuela.
— MINEX Guatemala 🇬🇹 (@MinexGt) January 9, 2025
- Ex-Presidência da Colômbia
Álvaro Uribe, ex-presidente da Colômbia, também reagiu nas redes sociais questionando sobre ações das organizações internacionais em relação à prisão da opositora. “As Nações Unidas conseguirão agir para resgatar María Corina Machado?”
¿Naciones Unidas será capaz de producir acciones para rescatar a María Corina Machado?
— Álvaro Uribe Vélez (@AlvaroUribeVel) January 9, 2025
Edmundo González exige libertação de Machado
Pelas redes sociais, Edmundo González, que disputou a Presidência com Nicolás Maduro e a oposição diz ser o verdadeiro eleito, exigiu a libertação imediata de María Corina Machado.
“Às forças de segurança que a sequestraram eu digo: não brinquem com fogo”, comentou.
Protestos em Caracas
Grupos de manifestantes se reuniram em Caracas, capital da Venezuela, nesta quinta-feira (9), véspera da posse de Nicolás Maduro.
Em várias partes da cidade multidões de apoiadores da oposição pediram “liberdade”. Os apoiadores também foram vistos segurando cartazes de “González Presidente” e usando vuvuzelas.
Enquanto isso, no maior bairro da Venezuela, Petare, os apoiadores de Maduro também se reuniram no que eles chamam de “marcha pela paz e alegria”.
Entenda a crise na Venezuela
A oposição venezuelana e a maioria da comunidade internacional não reconhecem os resultados oficiais das eleições presidenciais de 28 de julho, anunciados pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela, que dão vitória a Nicolás Maduro com mais de 50% dos votos.
Os resultados do CNE nunca foram corroborados com a divulgação das atas eleitorais que detalham a quantidade de votos por mesa de votação.
A oposição, por sua vez, publicou as atas que diz ter recebido dos seus fiscais partidários e que dariam a vitória por quase 70% dos votos para o ex-diplomata Edmundo González, aliado de María Corina Machado, líder opositora que foi impedida de se candidatar.
O chavismo afirma que 80% dos documentos divulgados pela oposição são falsificados. Os aliados de Maduro, no entanto, não mostram nenhuma ata eleitoral.
O Ministério Público da Venezuela, por sua vez, iniciou uma investigação contra González pela publicação das atas, alegando usurpação de funções do poder eleitoral.
O opositor foi intimado três vezes a prestar depoimento sobre a publicação das atas e acabou se asilando na Espanha no início de setembro, após ter um mandado de prisão emitido contra ele.
Diversos opositores foram presos desde o início do processo eleitoral na Venezuela. Somente depois do pleito de 28 de julho, pelo menos 2.400 pessoas foram presas e 24 morreram, segundo organizações de Direitos Humanos.
Com informações da Reuters e da CNN Internacional.