Lula faz gestos a Hugo Motta e busca “melhor relação possível” com a Câmara
Após desgaste sobre bloqueio de emendas, petista quer aproximação com favorito ao comando da Casa
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Em meio ao impasse entre a Câmara dos Deputados e o Supremo Tribunal Federal (STF) em torno da execução de emendas parlamentares, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) atua diretamente por um diálogo mais amistoso do governo com o próximo comando do Legislativo.
Ao candidato favorito à sucessão de Arthur Lira (PP-AL), deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), o presidente fez questão de deixar recados que indicam a disposição de compor e o receio de entrar em confronto com a Câmara no próximo biênio.
Segundo relatos feitos à CNN, Lula disse querer “a melhor relação possível” com o próximo presidente da Câmara. A Motta, repetiu que apoiará o candidato escolhido pela Câmara — Lula já havia assumido antes esse compromisso, quando outros deputados disputavam o posto.
Ao deputado paraibano, Lula afirmou ainda que o presidente da República é quem “precisa” do presidente da Câmara, não o contrário. E, segundo aliados, aproveitou para se colocar à disposição de conversas sobre o cenário político na Paraíba e as eleições em 2026.
Internamente, ministros próximos a Lula já têm procurado caciques de partidos da base para fechar alianças à reeleição do petista em 2026.
No Palácio do Planalto, a avaliação é de que, mesmo sem uma decisão formal dos partidos, Republicanos e União Brasil, respectivamente as legendas dos prováveis próximos presidentes da Câmara (Motta) e do Senado (Davi Alcolumbre), devem subir no palanque de Lula.
A portas fechadas, em meio ao impasse sobre as emendas, Lula teria dito que o governo ajudaria a resolver o embate.
Para auxiliares, o presidente quis dizer que o governo atuará para diminuir a temperatura no conflito que contrapõe os Poderes, mas sem reações práticas.
No esclarecimento que deu ao Supremo, a Câmara cobrou o governo e o Senado sobre a interpretação dada à destinação das emendas de Comissão.
A pedido de Lula, no entanto, a ordem é silenciar sobre a menção ao governo. A Advocacia-Geral da União não deverá recorrer da decisão de Dino, que neste domingo (29) desbloqueou, parcialmente, os recursos.