Pacote fiscal veio atrasado e muito menor do que se imaginava, diz ex-BC ao WW
Luiz Fernando Figueiredo observa que ainda falta clareza sobre compromisso do governo com contas públicas


Questionado se o pacote fiscal apresentado pelo governo é suficiente para estabilizar a dívida pública, Luiz Fernando Figueiredo é direto: “A resposta é não”.
O presidente do conselho de administração da JiveMauá e ex-diretor de Política Monetária do Banco Central (BC) reforça que o conjunto de medidas, além de ter demorado a ser anunciado, veio “de um jeito muito ruim”.
“O que o governo dizia que seria o corte, se faz a conta na ponta do lápis vem muito menos que isso. A forma e o conteúdo vieram muito menores do que se imaginava”, afirmou Figueiredo ao WW.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ao divulgar as medidas fiscais, afirmou que a expectativa do governo era de economizar mais de R$ 70 bilhões até 2026. E é este resultado que é visto como superestimado e insuficiente pelo economista.
Com a postura de avançar contra as despesas, o ex-diretor do BC afirmou que “alguma coisa veio na direção certa”, mas reiterou que “foi pouco” e que, para se estabilizar a dívida, serão necessárias “muitas outras rodadas” de ajustes.
“O governo fez um ajuste bem a contragosto. Deixou para o último minuto para dificultar a necessidade de negociar. Mas é difícil ter confiança, ainda não está claro que o governo está convencido da necessidade de cortar gastos”, avaliou Figueiredo.
Veja os 5 sinais de que as contas públicas do Brasil estão em risco