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    Thais Herédia
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    Thais Herédia

    Passou pelos principais canais de jornalismo do país. Foi assessora de imprensa do Banco Central e do Grupo Carrefour. Eleita em 2023 a Jornalista Mais Admirada na categoria Economia do Jornalistas & Cia.

    CNN Brasil Money

    Clima de melhores amigos e unidade na despedida de Campos Neto do BC

    Gabriel Galípolo irá substituir Roberto Campos Neto como presidente do Banco Central e assume interinamente o posto

    Na última entrevista coletiva de Roberto Campos Neto como presidente do Banco Central (BC) o clima foi de amizade, descontração e, acima de tudo, unidade de posicionamentos.

    Durante cerca de duas horas, Campos Neto e Gabriel Galípolo, que já assume interinamente o posto, foram dando respostas alternadas e complementares no modelo anunciado logo no início por Campos Neto: “Eu falo sobre o que foi feito e Galípolo sobre o futuro”.

    Galípolo começou enaltecendo o que Campos Neto fez à frente do BC, numa posição completamente contrária ao que disseram o presidente Lula e as lideranças políticas do governo nos últimos dois anos.

    “Sou testemunha de que Roberto agiu em todas as reuniões [do Copom] com preocupação em relação ao que era melhor para o país e sempre sempre [repetido mesmo], com objetivo de fortalecer o país e o BC”, disse.

    E completou lembrando do avô de Campos Neto. “O avô do Roberto ficaria orgulhoso pela contribuição e demonstração de força institucional do BC. Agradeço como futuro presidente, brasileiro e como amigo”, afirmou Galípolo.

    Os dois foram questionados sobre alta dos juros, do dólar, as intervenções no câmbio, a pressão política, rumores de todos os tipos, inclusive sobre uma possível reunião extraordinária do Copom. Ambos recusaram o rótulo de “especuladores” aos agentes de mercado, ou de que o BC estaria atuando contra o Brasil.

    A diferença entre eles apareceu quando Galípolo contou que tinha falado com presidente Lula depois da divulgação da ata do Copom, na última terça-feira. Desde que foi escolhido para o cargo, Galípolo nunca escondeu seu acesso direto ao presidente da República e garantiu que Lula não interfere nas decisões de política monetária, ou que há qualquer coisa parecida com um “dar ciência do que BC vai fazer” na relação entre eles.

    “O presidente confia em mim e na diretoria. Há clareza de que a inflação é ruim para a população”, disse Galípolo.

    Campos Neto foi questionado sobre o descumprimento da meta de inflação em três dos seus seis anos de mandato, citando a pandemia e o cenário externo como principais fatores. E reafirmou que qualquer tentativa de mudança da meta de inflação no período em que ela está deslocada tira graus de liberdade do Copom e piora a credibilidade da política monetária.

    O tema fiscal ficou mais por conta de Galípolo que repetiu frase do ministro Fernando Haddad, de que não há “bala de prata” para resolver o desequilíbrio das contas públicas. Aqui a diferença entre o quem chega e quem vai embora também é gritante. Campos Neto teve quase nenhuma oportunidade de acessar Lula e dividir sua preocupação. Mesmo a interlocução com Haddad teve seus altos e baixos.

    A aparição descontraída tem um alvo que pode ser intencional ou não: os porta-vozes do governo que pintam BC e Campos Neto como “inimigos do Brasil”. É difícil acreditar que isso criará algum constrangimento aos petistas nos ataques que fizeram e devem continuar fazendo.

    Falando em nome dos diretores e já como novo chefe, Gabriel Galípolo encerou a coletiva com mais um recado a quem acha que, com a saída de Roberto Campos Neto, o PT terá as chaves do Banco Central nos próximos dois anos.

    “Roberto, a casa é sua, sempre estaremos de portas abertas para você. Sou muito grato por tudo que fez pela política monetária, pela casa e por todos nós”, disse Galípolo.

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