Bancada do agro diz ser “inadmissível” generalizar setor por financiamento de plano de golpe
Integrantes do agro teriam fornecido dinheiro para “kids pretos” para tentativa de golpe, segundo Mauro Cid; frente parlamentar pede investigação “imparcial”
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A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) afirmou, em nota, no domingo (15) que é “inadmissível” generalizar e comprometer a imagem do setor por causa do que chamou de “ações isoladas” de integrantes do agro que teriam financiado a tentativa de golpe em 2022.
Em depoimento à Polícia Federal, o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), afirmou que os recursos para ações do plano de golpe teriam sido dados “pessoal do agro”. Segundo ele, na época, a quantia foi recebida pelo general e ex-ministro Walter Souza Braga Netto, preso no sábado (14) por suspeitas de obstruir investigações.
“É inadmissível que ações isoladas sejam usadas para generalizar e comprometer a imagem de um setor econômico composto por mais de 6 milhões de produtores e que desempenha papel fundamental no desenvolvimento do país”, afirmou a FPA.
A bancada do agro defendeu que as investigações “sejam conduzidas com urgência e rigor, apurando todos os indícios de ações criminosas de forma imparcial”.
De acordo com a PF, Cid declarou em depoimento que Braga Netto atuou como intermediário e entregou dinheiro ao major Rafael de Oliveira, um “kid preto”, em uma sacola de vinho. O ex-ministro teria dito, segundo Cid, que o financiamento havia sido obtido junto ao “pessoal do agronegócio”.
O grupo defendeu que os responsáveis envolvidos no plano de golpe “sejam identificados e punidos com o máximo rigor da lei, independentemente da atividade econômica de eventuais envolvidos”.
A FPA também afirmou que o processo de investigação deve ser feito “de forma legal, transparente, equilibrada e em estrita observância ao que determina a Constituição Federal”.
O plano de golpe, conforme indicou a investigação da PF, visava o assassinato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), do vice Geraldo Alckmin (PSB) e do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
A Polícia Federal afirmou haver indícios de que Braga Netto teria atuado como um coordenador da tentativa de golpe desde o início das investigações.
Preso no Rio de Janeiro desde sábado, o militar também é suspeito de tentar obter dados da delação premiada de Mauro Cid. A defesa de Braga Netto declarou que “não houve qualquer obstrução às investigações”.