“Efeito Magnus” faz navio economizar 125 toneladas de combustível; entenda
Navio da Vale adotou velas gigantes que aceleram a velocidade e reduzem gasto de combustível poluente
A mineradora brasileira Vale está testando uma nova tecnologia nos navios cargueiros que pode ajudar a diminuir o impacto do uso de combustíveis fósseis e ajudar a promover a transição energética. O Sohar Max, que acaba de partir do Brasil e carrega até 400 mil toneladas de carga, foi equipado com cinco velas de 35 metros que ajudam na propulsão do navio.
A tecnologia adotada permite o chamado “efeito Magnus”, que se popularizou com as curvas da bola “Jabulani”, na Copa da África de 2010, mas também é percebido no automobilismo e na aviação.
O nome é uma referência ao físico alemão Heinrich Gustav Magnus, que revelou o fenômeno no século XIX. O efeito Magnus acontece quando a rotação de uma estrutura altera seu caminho, sua trajetória. No caso das velas, o efeito potencializa a produção de energia eólica.
É o uso do vento das origens da navegação para os dias atuais. “A gente acredita que o uso do vento terá um papel importante na descarbonização”, sugere Rodrigo Bermelho, diretor de navegação da Vale. “Mas além disso é um fator de competitividade pra gente. Então a gente quer identificar novas tecnologias, acelerar o uso delas e identificar oportunidades de competitividade pro nosso negócio”, completa.
Na primeira viagem com as velas, da China até o Brasil passando por Singapura, o navio já economizou 125 toneladas de bunker, o combustível da navegação. Isso equivale a 9% do total que seria usado para o trajeto. A realidade já superou a estimativa, que era de 6%.
O Sohar Max partiu no final de semana do porto de Tubarão, em Vitória, para a Malásia. Ele saiu carregado com minério extraído dos complexos da Vale em Minas Gerais. Outros quatro navios menores da companhia já têm a tecnologia. A expectativa é que em 2025 mais duas embarcações sejam equipadas com as velas.