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    Falta de cerveja: bares do Reino Unido temem ficar sem Guinness

    Aumento de popularidade junto a novos públicos faz com que os proprietários de pubs fiquem preocupados em ficar sem seu produto de maior demanda

    John Towfighida CNN

    No pub Sheephaven Bay, em Londres, escondido atrás da movimentada Camden High Street, a Guinness representa mais de 50% das vendas de chope. O proprietário, Pat Logue, disse à CNN que, neste ano, já vendeu o dobro de Guinness em relação a dois anos atrás.

    A icônica cerveja irlandesa, conhecida por sua cor marrom escura, espuma cremosa e método peculiar de ser servida (um pint perfeito de Guinness leva 119,5 segundos para ser tirado), sempre foi vista como a bebida preferida de fãs de rugby e frequentadores de bares.

    Nos últimos dois anos, no entanto, a Guinness explodiu em popularidade, especialmente entre jovens e mulheres.

    De julho a outubro, as vendas de cerveja caíram 0,5% no Reino Unido, de acordo com a CGA, empresa de dados para negócios de alimentação e bebidas. No mesmo período, as vendas de cerveja da Diageo, dona da Guinness, cresceram 23,2%. Especificamente, as vendas de barris de Guinness subiram 20,9%.

    Até o final de outubro, a Guinness era a cerveja mais vendida no Reino Unido em 2024, segundo dados da Nielsen compartilhados com a CNN.

    Influenciadores nas redes sociais e campanhas de marketing ajudaram a mudar a percepção de que a Guinness é uma bebida para homens mais velhos. Logue atribui aos criadores do TikTok a popularização da cerveja, com vídeos que comparam os melhores pints em pubs de Londres.

    “Não é surpresa ver um grupo de seis jovens — três rapazes e três moças — pedirem Guinness no balcão. Algo impensável anos atrás”, disse Logue. “Antes era uma bebida associada a homens mais velhos, agora é para todo mundo. É uma bebida descolada.”

    Com a alta repentina na demanda, a Diageo informou a alguns donos de pubs que estabelecerá limites de distribuição para garantir o fornecimento durante as festas de fim de ano.

    “Nos últimos meses, vimos uma demanda excepcional pela Guinness no Reino Unido”, disse um porta-voz da Diageo. “Estamos maximizando o fornecimento e trabalhando com nossos clientes para gerenciar a distribuição da forma mais eficiente possível.”

    Os limites não impactaram todos os pubs, mas donos de bares relataram preocupação com o estoque, especialmente durante a temporada de festas, que é o período mais movimentado e essencial para a lucratividade semanal.

    Logue, que utiliza de 40 a 50 barris por semana, conseguiu encomendar 60 na última sexta-feira (13). Ele admitiu ter ficado apreensivo até a entrega chegar, mas está aliviado por ter estoque suficiente para esta semana.

    Um ponto positivo para a Diageo

    Embora o crescimento de destiladoras e cervejarias tenha desacelerado no último ano, a Guinness contrariou essa tendência, destacou Verushka Shetty, analista de ações da Morningstar.

    Em março, a Diageo lançou uma campanha publicitária com o ator Jason Momoa, que, segundo Shetty, contribuiu para o crescimento da marca.

    “A marca está ganhando popularidade, principalmente entre mulheres e geração Z”, disse ela.

    Na apresentação de resultados fiscais em julho, a CEO da Diageo, Debra Crew, relatou um aumento de 15% nas vendas líquidas globais da Guinness no ano fiscal de 2024.

    Crew afirmou que empresa conquistou novos consumidores por meio de campanhas como a de Momoa e parcerias com influenciadores para criar conteúdo e moldar a imagem da marca.

    Na Grã-Bretanha, o consumo de Guinness por mulheres cresceu 27% entre os anos fiscais de 2022 e 2023, segundo Crew.

    Além disso, a executiva disse que a parceria com eventos esportivos como a Premier League e o Six Nations Rugby deve continuar impulsionando a demanda.

    No pub The Auld Shillelagh, no bairro Stoke Newington, em Londres, a Guinness chega duas a três vezes por semana. Aonghus Leydon, coproprietário do pub junto com o irmão, afirmou que a venda da cerveja irlandesa, que representa até 70% das vendas, aumentou visivelmente nos últimos anos.

    “Nos últimos dois anos, as vendas de Guinness subiram. Nossa clientela é, em grande parte, formada por pessoas entre 20 e 30 anos, e a maioria bebe Guinness. O público é bem misto em termos de gênero”, disse Leydon.

    Em um pub de Shoreditch, bairro de Londres, Harry Evans, 26 anos, explicou à CNN que aprecia a Guinness por ser “suave, fácil de beber e menos gasosa que outras cervejas”. Ele afirmou que consome a bebida o ano todo.

    Leydon, com 37 anos de experiência no ramo, nunca enfrentou problemas com o fornecimento de Guinness. Isso explica por que alguns donos de pubs estão tensos com possíveis limitações.

    A febre Guinness vai além da Grã-Bretanha

    Embora a Diageo cite demanda excepcional na Grã-Bretanha, a popularidade da Guinness também cresceu nos EUA. Segundo dados da Nielsen, a cerveja importada mais vendida nos EUA nos últimos 12 meses até outubro.

    Na Europa, a Guinness 0.0, versão sem álcool, teve vendas líquidas dobradas em 2024.

    No The Dead Rabbit, em Manhattan, o cofundador Jack McGarry relatou que vendeu mais Guinness nos primeiros 10 meses de 2024 do que em todo o ano de 2023. Ele acredita que o momento de destaque da cultura irlandesa contribui para a popularidade da bebida.

    McGarry também mencionou que jovens estão mais conscientes de que a Guinness é uma cerveja leve e de baixo teor calórico. Um pint de 568 ml contém cerca de 210 calorias, comparável a uma lager como Stella Artois, com 224 calorias.

    “Todos os nossos bares estão vendendo mais que no ano passado”, disse McGarry.

    Victor Boyd, dono do Iona Bar, no Brooklyn, reforçou o impacto das redes sociais. Avaliações sobre os melhores pints de Guinness em Nova York têm atraído novos clientes ao bar.

    “Muitos descobriram os benefícios de uma cerveja com menos álcool e calorias que outras cervejas”, concluiu Boyd.

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