Dólar cai com IPCA e à espera de juros; bolsa sobe
Mercado segue na expectativa da decisão dos juros no Brasil, que acontecerá na quarta-feira (11)
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O dólar recuou nesta terça-feira (10) e fechou em queda, devolvendo parte dos ganhos das últimas sessões, com o mercado se mostrando mais otimista pela tramitação do pacote fiscal do governo no Congresso enquanto analisava dados do IPCA de novembro praticamente em linha com o esperado.
O dólar à vista encerrou a sessão em baixa de 0,57%, a R$ 6,0478 na venda. No último pregão, a divisa norte-americana renovou a máxima histórica e fechou a R$ 6,08.
Já o Ibovespa, referência do mercado acionário brasileiro, finalizou a sessão em alta de 0,80%, a 128.228,49 pontos.
Investidores reagiam ao noticiário da noite da última segunda-feira (9), que afastou um pouco os temores de que as medidas de contenção de gastos do governo possam ficar travadas no Congresso até o próximo ano.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reuniu com o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), na véspera para resolver um impasse sobre o repasse de emendas parlamentares.
Uma decisão do ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), que impôs condições para o pagamento das emendas, teria desagradado os parlamentares, o que ameaçava a tramitação do pacote fiscal no Congresso.
A informação foi mal recebida pelo mercado. O dólar à vista encerrou no maior valor nominal de fechamento da história, apesar dos ganhos de divisas emergentes no exterior.
No entanto, segundo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que também se reuniu com Pacheco, um encaminhamento do presidente Lula à questão atendeu a pedidos sobre o tema.
“A questão fiscal agora é problema político… Parece que o Arthur Lira sinalizou que pode destravar o pacote fiscal, mas quer que o governo resolva o impasse das emendas”, disse Fernando Bergallo, diretor de operações da FB Capital.
Dados de inflação e reunião do Copom
Na frente de dados, as atenções dos investidores estavam voltadas para a divulgação de novos números sobre a inflação ao consumidor no país. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o IPCA registrou alta de 0,39% na base mensal em novembro, desacelerando em relação ao avanço de 0,56% em outubro.
Economistas consultados pela Reuters projetavam uma alta de 0,37% para o mês. Em 12 meses, o índice teve avanço de 4,87%, ante 4,76% em outubro.
Pelo segundo mês consecutivo, o IPCA ficou acima do teto da meta de inflação perseguida pelo Banco Central – com centro de 3% e uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.
Segundo analistas, o resultado, apesar de ficar praticamente dentro do esperado, enfatiza ainda mais o alerta com um cenário de descontrole inflacionário no país, que já vinha sendo mostrado com a crescente desancoragem das expectativas de inflação do mercado.
Dessa forma, a consequência deve ser uma aceleração no ritmo de aperto monetário pelo Copom, que anuncia sua última decisão de juros do ano na quarta-feira.
“Esse dado do IPCA e a sua composição particularmente ruim devem reforçar as expectativas de que o Copom vai adotar uma postura mais rígida na decisão de amanhã”, disse Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX.
Operadores colocam 76% de chance de uma alta de 1 ponto percentual na Selic, atualmente em 11,25%, na quarta-feira (11), contra 24% de probabilidade de um aumento de 0,75 ponto.
Contexto internacional
No exterior, o cenário era de cautela, à medida que os mercados aguardam dados de inflação dos Estados Unidos na próxima quarta-feira (11), que podem fornecer indícios sobre a trajetória da política monetária do Federal Reserve.
*Com informações da Reuters