Israel enfraqueceu defesas síria e iraniana e abriu caminho para HTS tomar Síria, diz professor à CNN
Especialista analisa a queda do governo de Bashar al-Assad e a ascensão do grupo HTS na Síria, destacando o papel de Israel no enfraquecimento das defesas
O pesquisador de Harvard e professor da UFF, Vitelio Brustolin, em entrevista ao Agora CNN deste domingo (8), analisou a recente tomada de poder por rebeldes na Síria e a consequente queda do governo de Bashar al-Assad.
Segundo o especialista, Israel desempenhou um papel crucial ao enfraquecer as defesas síria e iraniana, abrindo caminho para o grupo Hayat Tahrir al-Sham (HTS) assumir o controle do país.
Brustolin traçou uma linha do tempo dos eventos que levaram à atual situação na Síria. “Em janeiro de 2011, havia um grupo de pessoas não atreladas a religiões, a princípio laicas, que queriam mais democracia na Síria”, explicou o professor. No entanto, em março do mesmo ano, após uma resposta violenta do regime, grupos jihadistas se uniram contra o governo de Assad.
Estratégia de Assad e alianças internacionais
O especialista destacou a estratégia adotada por Assad: “Ele combateu primeiro aqueles que eram mais moderados, os laicos, porque ele sabia que se combatesse esses, que poderiam ser uma opção válida para substituí-lo, o mundo inteiro poderia se unir contra os outros, já que os outros eram extremistas”.
Além disso, Brustolin ressaltou a importância da aliança entre Síria e Rússia. “A Rússia tem uma base, é o único porto da Rússia no mar Mediterrâneo, é o porto de Tartus”, explicou. “A Rússia também tem uma base aérea ali, então a Rússia tem um interesse estratégico na Síria”.
O professor também observou que a Rússia não questionou as guerras no Iraque ou no Líbano, mas na Síria, sim, devido à importância estratégica do país para os interesses russos na região.
“A Síria é a única base de água quente russa ali no Mediterrâneo e a força aérea russa é muito representada ali”, concluiu Brustolin, destacando a complexidade geopolítica da situação.