“É indescritível”: sírios em Damasco celebram deposição do regime de Assad
Milhares se reuniram em carros e a pé na praça principal da capital do país
Sírios na capital Damasco estão comemorando a queda do presidente Bashar al-Assad, depois que forças rebeldes entraram na cidade com pouca resistência das forças do regime e a declararam libertada.
Milhares se reuniram em carros e a pé na praça principal de Damasco para comemorar.
Omar Daher, um advogado de 29 anos, disse que seus sentimentos eram “indescritíveis”.
“Depois do medo que ele [Assad] e seu pai nos fizeram viver por muitos anos, e o pânico e o estado de terror em que eu estava vivendo, não consigo acreditar”, disse ele à Associated Press.
Outro morador de Damasco, Mohammed Amer Al-Oulabi, 44, disse que não conseguiu dormir ontem à noite até ouvir a notícia da queda de Assad.
“De Idlib a Damasco, eles [as forças da oposição] levaram apenas alguns dias, graças a Deus. Que Deus os abençoe, os leões heróicos que nos deixaram orgulhosos.”
Um morador local chamado Ghazal al-Sharif declarou que “Deus havia respondido” à oração de “toda pessoa oprimida”.
A deposição de Assad – de quem não se ouviu falar desde a reivindicação dos rebeldes – põe fim a mais de 50 anos de governo autocrático de sua família na nação de cerca de 23 milhões de habitantes, que foi fustigada e fraturada por mais de uma década de guerra civil.
Entenda o conflito na Síria
A guerra civil da Síria começou durante a Primavera Árabe, em 2011, quando o regime de Bashar al-Assad reprimiu uma revolta pró-democracia.
O país mergulhou em um conflito em grande escala quando uma força rebelde foi formada, conhecida como Exército Sírio Livre, para combater as tropas do governo.
Além disso, o Estado Islâmico, um grupo terrorista, também conseguiu se firmar no país e chegou a controlar 70% do território sírio.
Os combates aumentaram à medida que outros atores regionais e potências mundiais – da Arábia Saudita, Irã, Estados Unidos à Rússia – se juntaram, intensificando a guerra no país para o que alguns observadores descreveram como uma “guerra por procuração”.
A Rússia se aliou ao governo de Bashar al-Assad para combater o Estado Islâmico e os rebeldes, enquanto os Estados Unidos lideraram uma coalizão internacional para repelir o grupo terrorista.
Após um acordo de cessar-fogo em 2020, o conflito permaneceu em grande parte “adormecido”, com confrontos pequenos entre os rebeldes e o regime de Assad.
Mais de 300 mil civis foram mortos em mais de uma década de guerra, de acordo com a ONU, e milhões de pessoas foram deslocadas pela região.