Síria: rebeldes avançam para tentar derrubar governo de Bashar al-Assad
Após chegada a Homs, insurgentes dizem ter tomado a cidade de Daraa no sul do país
Fações rebeldes sírias disseram no sábado (7), no horário local, terem tomado a cidade de Daraa, no sul, após um acordo com o exército para garantir sua retirada de forma ordenada, segundo fontes próximas ao grupo Hayat Tahrir al-Sham (HTS), um antigo afiliado da Al-Qaeda.
Um oficial rebelde informou, ainda, que pediu para que funcionários do alto escalão do governo de Bashar al-Assad desertassem e que o exército sírio se reposicione fora de Homs e da capital Damasco.
A tomada de Homs é um golpe para Assad
Na sexta (6), os rebeldes disseram ter conquistado a cidade central de Homs, o que pode deixá-los em uma posição estratégica para cercar e derrubar o presidente sírio Bashar al-Assad.
“Nossas forças libertaram a última vila nos arredores da cidade de Homs e agora estão em seus muros”, afirma a facção síria que lidera o ataque pelo Telegram.
A Reuters não pôde confirmar de forma independente a alegação dos rebeldes.
A captura de Homs bloqueia a ligação de Damasco com a costa, onde os aliados de Assad e tropas russas têm uma base naval e uma base áerea.
Em outro revés para Assad, uma aliança apoiada pelos EUA liderada por combatentes curdos sírios tomou Deir el-Zor nesta sexta-feira, o principal ponto de apoio do governo no vasto deserto no leste do país, declararam três fontes sírias à Reuters.
Essa foi a terceira grande cidade, depois de Aleppo e Hama, a cair do controle de Assad em uma semana.
Entenda o conflito na Síria
A guerra civil da Síria começou durante a Primavera Árabe, em 2011, quando o regime de Bashar al-Assad reprimiu uma revolta pró-democracia.
O país mergulhou em um conflito em grande escala quando uma força rebelde foi formada, conhecida como Exército Sírio Livre, para combater as tropas do governo.
Além disso, o Estado Islâmico, um grupo terrorista, também conseguiu se firmar no país e chegou a controlar 70% do território sírio.
Os combates aumentaram à medida que outros atores regionais e potências mundiais — da Arábia Saudita, Irã, Estados Unidos à Rússia — se juntaram, intensificando a guerra no país para o que alguns observadores descreveram como uma “guerra por procuração”.
A Rússia se aliou ao governo de Bashar al-Assad para combater o Estado Islâmico e os rebeldes, enquanto os Estados Unidos lideraram uma coalizão internacional para repelir o grupo terrorista.
Após um acordo de cessar-fogo em 2020, o conflito permaneceu em grande parte “adormecido”, com confrontos pequenos entre os rebeldes e o regime de Assad.
Mais de 300 mil civis foram mortos em mais de uma década de guerra, de acordo com a ONU, e milhões de pessoas foram deslocadas pela região.