Dólar fecha a R$ 6,07, maior valor da história, com dados de emprego nos EUA; bolsa cai
Resultado acima do esperado reforça expectativas por decisão dos juros pelo Fed
O dólar encerrou a sessão em alta e voltou a superar a marca de R$ 6 nesta sexta-feira (6), enquanto investidores analisaram novos dados de emprego dos Estados Unidos, que acelerou acima do esperado, e possíveis sinais sobre a trajetória da taxa de juros do Federal Reserve (Fed).
O dólar à vista encerrou o dia com avanço de 1,13%, a R$ 6,0766 na venda, maior valor de encerramento da história.
Na semana, a divisa norte-americana acumulou alta de 1,26%. Já no ano, o dólar soma valorização acima de 25%.
Seguindo a direção oposta, o Ibovespa voltou ao campo negativo, com perda de 1,5% na sessão, aos 125.945 pontos.
Apesar da queda, o principal índice do mercado doméstico encerrou a semana com leve alta de 0,22%, enquanto a prévia de 2024 mostra perda de 6,14%.
Criação de vagas de emprego nos EUA acelera
O crescimento do emprego aumentou em novembro, uma recuperação esperada depois que furacões e trabalhadores em greve distorceram fortemente os dados de outubro.
A economia dos EUA criou 227 mil empregos no mês passado, conforme dados do Bureau of Labor Statistics divulgados nesta manhã. O resultado veio acima dos 200 mil esperados pelos analistas.
A taxa de desemprego subiu de 4,1% para 4,2%.
Os empregos líquidos adicionados em outubro, que somaram 12 mil na primeira estimativa, foram revisados para cima, para 36 mil — o menor aumento mensal desde dezembro de 2020.
O crescimento de empregos em setembro também foi revisado para cima, em 32 mil, para um novo total de 255 mil empregos, segundo o relatório.
Analistas pareciam divergir sobre o que os resultados significam, uma vez que as projeções entre veículos de imprensa e instituições financeiras variaram, enquanto operadores consolidavam as apostas de que o Fed reduzirá os juros em 0,25 ponto na reunião deste mês.
Agentes financeiros ainda precisam seguir observando os anúncios do presidente eleito dos EUA, Donald Trump, cujas promessas de campanha, incluindo tarifas e cortes de impostos, são consideradas inflacionárias por analistas, o que pode impactar na trajetória da taxa de juros do país.
“A questão de como o governo Trump aplicará as tarifas nos parece uma das principais fontes de incerteza e de risco negativo. Se usadas com vigor excessivo, as tarifas poderão criar perturbações tanto para a economia dos EUA como para o resto do mundo”, disseram analistas do Citi em nota.
No cenário doméstico
Por trás dos recordes, está a contínua preocupação dos investidores com a trajetória das contas públicas, principalmente depois do duplo anúncio do governo de um pacote de medidas de contenção de gastos e de um projeto de reforma do Imposto de Renda.
As medidas fiscais já eram esperadas, mas o mercado recebeu mal o projeto que busca expandir a faixa de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil por mês.
Um otimismo maior foi finalmente exibido na véspera, após a aprovação pela Câmara dos Deputados, na noite de quarta-feira, do regime de urgência para duas propostas que integram o pacote fiscal do governo.
O foco na próxima semana será a última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (C) neste ano.
Operadores colocam 58% de chance de uma alta de 0,75 ponto na Selic, atualmente em 11,25% ao ano, com 42% de probabilidade de um aumento de 1 ponto, em meio ao que veem como uma economia superaquecida e com potencial inflacionário.
*Com informações da Reuters e CNN