Le Pen faz alerta ao premiê da França e indica possível moção de desconfiança
Ação poderia derrubar o governo e mergulhar a França em uma crise política profunda
O primeiro-ministro da França, Michel Barnier, deve fazer mais concessões orçamentárias para evitar uma moção de desconfiança que poderá derrubar seu governo, disse a líder do partido de extrema direita Reunião Nacional (RN), Marine Le Pen, neste domingo (1°).
Le Pen deu a Barnier até segunda-feira (2) para ceder às exigências orçamentárias do RN ou enfrentar a ameaça de que eles apoiarão uma provável moção de desconfiança contra seu governo, o que provocaria seu colapso.
“Um voto contra [o governo] não é inevitável. Tudo o que Barnier tem que fazer é aceitar negociar”, alertou Le Pen em fala ao jornal La Tribune.
“Houve conversas nas últimas duas semanas, mas claramente as coisas não avançaram como gostaríamos”, acrescentou ela.
Barnier desistiu na semana passada de um aumento do imposto sobre a eletricidade, mas o RN também quer que ele aumente as aposentadorias de acordo com a inflação, enquanto ele pretende reajustes abaixo da inflação.
O partido de Le Pen também não está satisfeito com a possibilidade de o governo aumentar o imposto sobre o gás e quer um corte na contribuição da França para o orçamento da União Europeia, entre outras exigências.
O impasse pode chegar ao ápice já nesta segunda-feira se Barnier tiver que usar poderes constitucionais para forçar a aprovação de um projeto de lei de financiamento da seguridade social, o que inevitavelmente desencadeará uma moção de desconfiança da esquerda.
Para sobreviver à votação na Câmara dos Deputados, Barnier precisa que o RN se abstenha. Caso contrário, seu governo e o projeto de lei orçamentária poderão cair, mergulhando a França em uma crise política profunda.
O Ministro das Finanças da França, Antoine Armand, advertiu em entrevista ao Le Journal du Dimanche que isso significará que uma legislação especial de emergência terá que ser aprovada para garantir que haja um orçamento no início do ano.
No entanto, essa legislação só pode transferir os limites de gastos e as disposições fiscais deste ano, o que significa que as aposentadorias serão reduzidas e os limites fiscais aumentarão para 17 milhões de pessoas, já que nenhum deles poderia ser ajustado pela inflação.