Conheça 10 universidades que aprovaram cotas para pessoas trans
A exemplo da pioneira UFSB, outras instituições de ensino adotaram políticas públicas de inclusão nos últimos anos
Na última década, o acesso ao ensino superior por meio do sistema de cotas se popularizou no Brasil. Primeiro, alunos negros e oriundos de escolas públicas foram beneficiados. Agora, uma série de universidades tem instituído a reserva de vagas para pessoas trans e travestis.
A tendência, que começou em 2018, visa reduzir a exclusão dessas populações na educação e no mercado de trabalho. Segundo a Antra (Associação Nacional de Travestis e Transexuais), apenas 0,3% das pessoas trans no Brasil conseguem acessar o ensino superior.
Conheça instituições públicas que aprovaram cotas para pessoas trans na graduação:
UFSB (Universidade Federal do Sul da Bahia)
Pioneira na criação de políticas afirmativas, a UFSB instituiu as cotas de acesso à graduação para pessoas transexuais, travestis e transgêneros em 2018.
De lá para cá, a universidade não só manteve a política como aprimorou, desenvolvendo bolsas de permanência para essa parcela da população por meio do PROAF (Pró-Reitoria de Ações Afirmativas), que administra o APPT (Auxílio Permanência – Pessoas Trans).
UFBA (Universidade Federal da Bahia)
No ano seguinte, em 2019, a UFBA passou a reservar vagas nos cursos de graduação para pessoas trans e outros grupos focos da política de cotas. As vagas, que podem ser acessadas por edital próprio da universidade, são adicionais às ofertadas pelo SiSU (Sistema de Seleção Unificada).
UFABC (Universidade Federal do ABC)
Desde 2019, a UFABC é outra federal que oferece um número de vagas reservadas para transgêneros. A universidade, fundada em 2005, foi a primeira a adotar essa política no estado de São Paulo.
FURG (Universidade Federal do Rio Grande)
Desde 2022, a FURG dispõe de um processo seletivo exclusivo para candidatos trans. É preciso ter estudado integralmente em escolas públicas ou ter sido bolsista em escolas particulares.
UFLA (Universidade Federal de Lavras)
Em 2023, a UFLA aprovou a criação de cotas para pessoas trans, se tornando a primeira instituição em Minas Gerais a implementar a medida.
Trata-se de uma vaga adicional em cada curso de graduação nos campus de Lavras e São Sebastião do Paraíso. Para concorrer, os candidatos devem ter concluído o ensino médio em escolas públicas, participar do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) e realizar a inscrição em um edital específico, além de se autodeclarar como pessoa trans no ato da matrícula.
UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina
Também em 2023, a UFSC aprovou uma política abrangente para inclusão de pessoas trans, que se estende do ensino básico à pós-graduação.
A medida inclui reservas de vagas na graduação, na pós-graduação e em concursos públicos, além de acesso prioritário a editais de assistência estudantil.
A política também contempla o combate à transfobia, campanhas educativas, ações afirmativas e adequações na infraestrutura. Embora outras universidades já possuam políticas semelhantes, a da UFSC se destaca pela abrangência.
UFSM (Universidade Federal de Santa Maria)
A UFSM abre anualmente inscrições para o processo seletivo de ingresso de pessoas trans, com 120 vagas em 77 cursos de graduação presenciais.
Podem participar da edição atual candidatos que realizaram qualquer edição completa do Enem entre 2020 e 2024. Caso tenham participado de mais de uma edição, será considerada automaticamente a pontuação mais alta.
Unifesp (Universidade Federal de São Paulo)
Em setembro de 2024, a Unifesp anunciou cotas destinadas às pessoas trans e travestis nos cursos de graduação e programas de pós-graduação. A medida será aplicada nos vestibulares dos próximos anos.
Para validar as inscrições, as pessoas candidatas também passarão por um procedimento de validação de autodeclaração. De acordo com a resolução aprovada, 2% das vagas oferecidas no processo seletivo de cada curso e turno serão reservadas para pessoas trans.
Para a reserva de vagas da pós-graduação, 30% das vagas serão destinadas a ações afirmativas, sendo fracionadas em 50% das vagas para pessoas negras e quilombolas e os outros 50% para pessoas indígenas, com deficiência e trans.
UFF (Universidade Federal Fluminense)
A UFF se tornou a primeira instituição federal de ensino superior do Rio de Janeiro a implementar cotas para pessoas trans em cursos de graduação. A política foi aprovada em setembro de 2024 e entrará em vigor em 2025.
A medida também destina 2% das vagas dos cursos de graduação, beneficiando mais de 300 estudantes anualmente. A universidade promete suporte para permanência e acolhimento dos cotistas.
A decisão é resultado de diálogos entre coletivos de estudantes trans e a gestão da UFF, marcando um avanço no protagonismo estudantil. Já na pós-graduação, a política amplia as cotas, passando a exigir pelo menos uma vaga para estudantes trans em todos os programas de mestrado e doutorado.
UnB (Universidade de Brasília)
Em mudança recente, a UnB aprovou, em outubro, a adoção de cotas para pessoas trans — o que, na definição da universidade, engloba travestis, mulheres trans, homens trans, transmasculinos e pessoas não-binárias. No total, 2% das vagas são destinadas a essa população.
O ingresso, segundo a UnB, será feito por meio do vestibular de agosto de 2025, para ingresso nos cursos com início em 2026.
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