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    Uma mulher morre a cada 10 minutos vítima de parceiros ou familiares, diz ONU

    Dos 85 mil feminicídios em 2023, cerca de 60% foram no contexto conjugal ou familiar; levantamento aponta que crime contra a mulher transcende fronteiras, condições socioeconômicas e grupos etários.

    Da CNN em Espanhol

    Durante 2023, uma mulher ou menina foi assassinada a cada 10 minutos no mundo, por seu parceiro ou outro familiar, revelou nesta segunda-feira (25) o relatório “Feminicídios em 2023” da ONU Mulheres e da Oficina das Nações Unidas contra a Droga e o Crime (UNODC, na sigla em inglês).

    O feminicídio, também conhecido como femicídio, é a forma mais extrema de violência de gênero e é definido como o “assassinato intencional de mulheres por serem mulheres”, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

    De acordo com o novo documento da ONU, 51 mil mulheres e meninas foram assassinadas intencionalmente em 2023 por seus parceiros ou outros membros da família, resultando em uma média de um feminicídio a cada 10 minutos.

    Esses 51 mil assassinatos de mulheres e meninas cometidos por parceiros ou familiares representam a maioria (especificamente, 60%) dos 85 mil feminicídios registrados em 2023.

    “A grande maioria dos assassinatos intencionais de mulheres e meninas em todo o mundo é perpetrada por um parceiro íntimo ou alguém da família. Isso sugere que a casa continua sendo o lugar mais perigoso para mulheres e meninas em termos de risco letal para as vítimas”, indica o relatório.

    Enquanto isso, a África é a região que, em 2023, registrou a taxa mais alta de feminicídios cometidos por parceiros ou familiares: 2,9 vítimas a cada 100 mil habitantes mulheres.

    “As regiões da América e da Oceania também registraram taxas elevadas de feminicídios cometidos por parceiros ou familiares em 2023, com 1,6 e 1,5 a cada 100 mil habitantes, respectivamente. Enquanto isso, as taxas foram significativamente mais baixas na Ásia e na Europa, com 0,8 e 0,6 a cada 100 mil, respectivamente”, detalha a ONU.

    Diante dessa problemática que afeta todas as regiões do planeta, Sima Bahous, diretora executiva da ONU Mulheres, afirmou em um comunicado que são necessárias, entre outras coisas, leis mais robustas e uma melhor coleta de dados.

    “A violência contra mulheres e meninas pode ser evitada. Precisamos de leis fortes, uma melhor coleta de dados, maior responsabilidade governamental, uma cultura de tolerância zero e mais financiamento para as organizações pelos direitos das mulheres e os organismos institucionais”, destacou Bahous no comunicado.

    Por sua vez, Ghada Waly, diretora executiva da UNODC, ressaltou a necessidade de melhorias nos sistemas de justiça penal.

    “O novo relatório sobre feminicídios destaca a necessidade urgente de contar com sistemas de justiça penal sólidos que responsabilizem os responsáveis e, ao mesmo tempo, garantam o apoio adequado às sobreviventes, incluindo o acesso a mecanismos de denúncia seguros e transparentes”, comentou Waly.

    “Devemos enfrentar e desmantelar os preconceitos de gênero, as desigualdades de poder e os padrões prejudiciais que perpetuam a violência contra as mulheres”, acrescentou.

    Em relação a isso, a ONU Mulheres iniciou na segunda-feira, no âmbito do Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres, a campanha “16 Dias de Ativismo contra a Violência de Gênero”.

    Com essa campanha, a ONU faz um apelo para “revitalizar os compromissos, exigir a prestação de contas e a implementação de medidas por parte dos responsáveis pela tomada de decisões”, informou a ONU Mulheres.

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