Apoio externo e crédito em dólar: os argumentos para convencer a Argentina no G20
Diplomatas usam a ainda frágil situação financeira do país para tentar dissuadir discurso radical
A economia tem sido um importante argumento para tentar convencer a Argentina a voltar à “normalidade diplomática” no G20.
Com uma situação frágil nos indicadores e a necessidade de apoio externo, diplomatas tentam lembrar que Buenos Aires ainda precisa de crédito e muitos dólares para pagar contas e sair da crise.
Desde a semana passada, a Argentina tem adotado tom mais radical nas reuniões do G20. O tom foi especialmente acentuado após o encontro do presidente argentino Javier Milei com o eleito nos Estados Unidos, Donald Trump.
Para tentar dissuadir a delegação dessa postura mais radical em temas como gênero, mudanças climáticas e taxação de super-ricos, diplomatas de vários países têm lembrado do bolso para tentar mudar a situação.
Um delegado que participa das negociações contou à CNN que a Argentina mudou o tom nas discussões políticas e em temas como costumes. Mas quando o assunto é economia o pragmatismo continua.
Por isso, diplomatas têm citado nas reuniões bilaterais que Milei precisa “manter alguma normalidade” nos temas econômicos, pois ainda precisa de ajuda estrangeira. Essa tem sido uma das estratégias para tentar amenizar o tom dos delegados argentinos.
A normalidade é necessária para aprovação de linhas de crédito, por exemplo, no Fundo Monetário Internacional (FMI) e bancos multilaterais.
A ideia é retomar o pragmatismo visto em Milei na relação com a China. Na campanha eleitoral, o ultraliberal dizia que “não faria negócios com comunistas”, e citava nominalmente a China.
Logo após chegar à Casa Rosada, no entanto, o presidente argentino enviou uma carta pedindo à Xi Jinping que renovasse uma linha de crédito de US$ 5 bilhões que Pequim ofereceu a Buenos Aires ainda no governo de Alberto Fernandéz.
A operação – que foi renovada – permitiu que a Argentina evitasse o calote e, assim, continuasse a pagar parcelas de empréstimos antigos com o Fundo Monetário Internacional.
Para além do empréstimo, o pragmatismo parece continuar porque Milei terá uma reunião bilateral com Xi Jinping.
No Rio, a ideia é tentar despertar esse pragmantismo também no comunicado final.
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