“Nunca vi nada parecido”, diz diplomata europeu sobre tom radical da Argentina no G20
Desenvolvimento sustentável, organismos multilaterais, mudança climática e taxação de super-ricos são temas em que Argentina mudou de posição
A delegação argentina tem gerado espanto nas reuniões preparatórias do G20. Relatos de participantes das reuniões que acontecem desde a terça-feira (12) no Rio citam que representantes do país vizinho têm adotado posição considerada “radical” em várias frentes.
“Nunca vi nada igual em uma década de G20”, resumiu à CNN o chefe de uma delegação europeia que pediu para não ser identificado.
A Argentina já tinha demonstrado ser contrária às iniciativas do G20 para a adoção de políticas internacionais para incentivar a igualdade de gênero e em temas das políticas culturais. Mas, agora, a mudança tem sido mais ampla.
Representantes argentinos têm mudado de posição em temas novos, como desenvolvimento sustentável, reforma de organismos multilaterais, combate à mudança climática e a taxação de super-ricos.
As reuniões acontecem desde a terça-feira (12) e deveriam ter acabado na sexta (15). Mas, sem consenso, o encontro foi estendido e seguirá no fim de semana.
Diplomatas que participam do encontro no Rio citam que os argentinos têm mostrado tom mais radical que alguns países conhecidos por duras posições. No debate sobre políticas de igualdade de gênero, por exemplo, a Argentina chegou a sugerir não concordar com os termos “feminicídio” e “violência sexual”.
Até países que têm histórico de pouco apreço ao tema, como Arábia Saudita e Egito, estão com posições consideradas mais “progressistas” que a da Argentina.
Diplomatas de vários países entendem que a mudança de postura dos diplomatas argentinos pode estar sendo respaldada pela vitória de Donald Trump nos Estados Unidos. A volta do republicano à Casa Branca pode ser o motivo da nova estratégia do país no G20.