Vídeo: Manifestantes invadem parlamento na Geórgia, contra acordo com a Rússia
Região separatista é apoiada pela Rússia; políticos da oposição exigiram a renúncia do autointitulado presidente
Manifestantes invadiram o parlamento da região separatista georgiana da Abkházia, apoiada pela Rússia, nesta sexta-feira (15), e políticos da oposição exigiram a renúncia do autointitulado presidente devido a um acordo de investimento impopular com Moscou.
Os manifestantes usaram um caminhão para quebrar os portões de metal que cercam o parlamento na capital Sukhumi.
Vídeo da cena mostra pessoas escalando janelas após arrancar barras de metal e cantando nos corredores.
Eshsou Kakalia, um líder da oposição e ex-procurador-geral adjunto, disse que o prédio do parlamento estava sob o controle dos manifestantes.
Os manifestantes também invadiram os escritórios da administração presidencial localizados no mesmo prédio do parlamento.
Segundo os serviços de emergência, pelo menos oito pessoas foram levadas ao hospital.
A administração presidencial disse em uma declaração que as autoridades estavam se preparando para retirar o acordo de investimento com a Rússia, mas alguns cidadãos temem que a decisão os deixe fora do mercado imobiliário.
A Rússia reconheceu a Abkhazia e outra região separatista, a Ossétia do Sul, como estados independentes em 2008, depois que tropas russas repeliram uma tentativa georgiana de retomar a Ossétia do Sul, em uma guerra de cinco dias.
Grande parte do mundo entende a Abkhazia como parte da Geórgia, da qual se separou durante as guerras no início dos anos 1990.
Dinheiro russo
Os legisladores abkhazianos estavam prontos para votar nesta sexta-feira (15) sobre a ratificação de um acordo de investimento assinado em outubro em Moscou pelo Ministro da Economia russo, Maxim Reshetnikov, e sua contraparte abkhaziana, Kristina Ozgan.
Líderes da oposição abkhaziana dizem que o acordo com Moscou, que permitiria projetos de investimento por entidades legais russas, tiraria os moradores do mercado imobiliário ao permitir que muito mais dinheiro russo entrasse.
A oposição disse em uma declaração que as ações dos manifestantes não eram contra as relações russo-abkhazianas.
“A sociedade abkhazia tinha apenas uma demanda: proteger os interesses de nossos cidadãos e nossos negócios, mas nem o presidente, nem o parlamento ouviram a voz do povo até hoje”, citaram na declaração.
No início desta semana, o autointitulado presidente da Abkhazia, Aslan Bzhania, realizou uma reunião de emergência com concelho de segurança após manifestantes bloquearem uma rodovia importante e se reunirem no centro de Sukhumi, para exigir a libertação de quatro ativistas.
Os militantes, que foram posteriormente libertos, foram detidos por se oporem à aprovação de uma lei que regulamenta a indústria da construção e faz referência ao acordo russo-abkhazia.
Em 2014, manifestantes invadiram a sede presidencial, forçando o então líder Alexander Ankvab a fugir.
Mais tarde, ele renunciou devido a acusações de corrupção e má administração.
O líder da oposição Raul Khadzhimba, eleito após a agitação em 2014, foi forçado a renunciar em 2020 depois que protestos de rua questionaram os resultados eleitorais.