Petrobras, Americanas e bancos: mais lucrativas da bolsa disparam 60% no 3º tri, mostra pesquisa
Entre os 10 maiores resultados, quatro tiveram variação de três dígitos em um ano
As dez empresas listadas na bolsa brasileira com maior lucro no terceiro trimestre registraram um crescimento combinado de 60% ante o mesmo período do ano passado, mostra levantamento da consultoria Elos Ayta publicado nesta sexta-feira (15).
A temporada de divulgação dos resultados entre julho e setembro encerrou nesta quinta (14). Conforme a pesquisa, companhias como Petrobras, Americanas, Sabesp e Banco do Brasil somaram R$ 101,9 bilhões em lucro, alta expressiva ante o acumulado de R$ 63,5 bilhões captado no terceiro trimestre de 2023.
Einar Riveiro, responsável pelo estudo, aponta que o resultado do top 10 da Ibovespa reflete a diversidade do mercado brasileiro e aponta para expectativas positivas das companhias para o próximo trimestre.
“Setores essenciais como energia, saneamento e finanças continuam a crescer, enquanto empresas em recuperação, como a Americanas, surpreendem com resultados expressivos”, pontuou.
Em entrevista ao CNN Money, Diego Faust, sócio da Manchester Investimentos, pontuou que o desempenho das companhias gerou otimismo ao mercado, fazendo o Ibovespa encerrar praticamente estável na semana — que no Brasil foi mais curta por causa do feriado da Proclamação da República —, mesmo com pressões negativas vistas nos últimos dias.
Faust também ponderou que o resultado do terceiro trimestre deste ano ocorre em meio uma base de comparação baixa, mas que, mesmo assim, o resultado veio acima das expectativas do mercado.
“Em grande parte a gente teve o mercado reagindo de boa maneira e precificando os ativos, segurando a queda do Ibovespa, que poderia ter sido bem mais forte”, disse.
Petrobras puxa fila, Americanas surpreende
Principal estatal do Brasil e uma das companhias com maior relevância no Ibovespa, a Petrobras liderou a lista de lucratividade com resultado de R$ 32,5 bilhões no terceiro trimestre. O desempenho mostrou alta de 22,3% contra o mesmo período no ano passado.
Na sequência aparece a Vale, com lucro de R$ 13,3 bilhões entre julho e setembro. O resultado, porém, mostra recuo de 3,4% ante o terceiro trimestre do ano passado. A companhia, que tem o maior peso na bolsa brasileira, foi a única das 10 mais lucrativas que apresentou recuo em um ano.
O top 3 é completado pela Americanas, que registrou lucro de R$ 10,3 bilhões no trimestre anterior, revertendo prejuízo de R$ 1,6 bilhão de um ano atrás.
O otimismo com o resultado, reflexo do processo de reestruturação judicial da companhia, fez as ações da companhia dispararem 180% nesta quinta — último dia de pregão por causa da semana reduzida pelo feriado de Proclamação da República.
“Essa recuperação ocorre em meio ao processo de recuperação judicial, mostrando uma surpreendente resiliência financeira que impacta positivamente o setor de varejo e atrai a atenção dos investidores”, pontua Riveiro.
Bancos
O setor financeiro foi o que teve mais representantes no grupo dos maiores lucros, com três nomes. O Itaú Unibanco teve o desempenho mais robusto, com resultado de R$ 10,2 bilhões — avanço de 35,2%.
Atrás, Banco do Brasil e Bradesco também figuram com lucros de R$ 8,9 bilhões e R$ 5,2 bilhões, respectivamente.
Variação de três dígitos
Das 10 companhias com maior lucro, quatro se destacam pelo salto em 12 meses. Eletrobras, Sabesp, Vibra e JBS apresentaram variação de três dígitos no lucro do terceiro trimestre de 2024, ante julho e setembro do ano passado.
Do grupo, a maior variação veio da companhia de saneamento de São Paulo, que viu o lucro subir 622,5% — a R$ 6,1 bilhões —, no primeiro balanço após a conclusão do processo de privatização.
A Eletrobras, que recentemente também passou por um processo de desestatização, teve salto de 384,8% dos lucros, totalizando R$ 7,2 bilhões no período.
“Esses números refletem a crescente demanda e a importância dos serviços de infraestrutura e saneamento no país”, diz Riveiro.
Fechando o grupo dos crescimentos explosivos, JBS teve alta de 570,7% no período, totalizando R$ 3,8 bilhões, enquanto Vibra registrou aumento de 234,7%, a R$ 4,2 bilhões.