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    Lei que proíbe celulares não deve alterar rotina de escolas de SP, dizem educadores

    Regras para restrição de aparelhos eletrônicos já existem em grande parte dos colégios

    Bruno LaforéRafael Saldanhada CNN , em São Paulo

    O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), sancionou, nesta sexta-feira (6), a lei que proíbe o uso de celulares e demais dispositivos eletrônicos em escolas do estado, quando não utilizados com finalidade pedagógica.

    O texto havia sido aprovado pela Assembleia Legislativa de SP (Alesp), em 13 de novembro, com votos de parlamentares tanto de parlamentares da base quanto da oposição.

    Entre os educadores consultados pela CNN, a nova legislação foi bem recebida, apesar da nova legislação não trazer grandes alterações para a atual rotina escolar. Regras para restrição de aparelhos eletrônicos já existem em grande parte dos colégios.

    Em nota, a Secretaria Estadual da Educação de São Paulo (Seduc-SP) afirmou que o acesso a aplicativos e plataformas sem fins didáticos já é restrito nas unidades da rede pública.

    A legislação aprovada na Alesp prevê o uso de dispositivos eletrônicos com finalidade pedagógica.

    “Acreditamos que a educação digital é essencial para o ensino no século XXI, e muitas de nossas práticas já se beneficiam da tecnologia. Nosso material didático inclui recursos multimídia, e diversas aulas são apoiadas por aplicativos educacionais. A implementação da lei contribuirá para educar os alunos sobre o uso adequado dos dispositivos móveis no ambiente escolar, promovendo um aprendizado mais eficaz”, pontuou Emerson Bento Pereira, Diretor de Tecnologia Educacional do Colégio Bandeirantes, situado no bairro do Paraíso, na zona sul de São Paulo.

    A coordenadora pedagógica do Ensino Fundamental do Colégio Agostiniano Mendel, Luciane Maia Insuela Garcia, destacou os benefícios socioemocionais da restrição dos celulares.

    “O ambiente escolar deve ser um espaço de aprendizado contínuo, onde os alunos têm a oportunidade de se desenvolver de forma plena, não apenas intelectualmente, mas também emocional e socialmente. O uso excessivo de celulares pode gerar distrações, promover comparações prejudiciais nas redes sociais e até dificultar o convívio com os colegas”, explicou Luciane.

    De acordo com a coordenadora do colégio localizado na zona leste da capital, antes mesmo da aprovação desta legislação, o colégio já havia tomado a decisão de restringir o uso de celulares durante o período escolar.

    Na mesma linha, o Colégio Etapa, com unidades na capital e no interior, afirmou que já “não libera o uso de aparelhos recreativos ou de comunicação (incluindo telefones celulares) em sala de aula que possam desviar o foco e a atenção dos alunos da dinâmica escolar”.

    A nova lei determina que as escolas deverão disponibilizar os espaços e estabelecer protocolos para os alunos guardarem os celulares durante todo o horário escolar, caso decidam levar os aparelhos eletrônicos consigo em dias de aula.

    O Colégio Santo Américo, situado no bairro do Morumbi, na zona sul de São Paulo, já possui uma logística parecida, conforme explicou a diretora pedagógica Cláudia Zaclis. Por lá, o uso de celulares é proibido para todas as séries até o 9° Ano do Ensino Fundamental, em todo horário escolar, das 8h às 16h20.

    Segundo a diretora, caso os alunos levem os celulares à escola, eles podem guardar os aparelhos em seus próprios armários junto com outros materiais escolares, e buscá-los no fim do dia. Em caso de infração da regra, os funcionários do colégio tomam os celulares até o fim do dia, quando devolvem os equipamentos aos alunos. Essa regra é previamente combinada com os pais e com os alunos.

    “É preciso ter coragem para tomar essa medida. Acreditamos que seja muito importante para a socialização e interação das crianças, ainda mais nas menores idades que elas ainda estão em desenvolvimento”, afirmou a diretora.

    O Colégio Visconde Porto Seguro, também no Morumbi, integra a lista de instituições que se anteciparam à lei. Por lá, a restrição de aparelhos celulares foi implementada de forma gradual.

    “A escola como espaço educativo, precisa envolver a todos neste processo de conscientização de não uso do celular. Por isto, o colégio optou em desenvolver um trabalho educativo com foco na promoção do bem estar no ambiente escolar, ampliando o projeto ‘Disconnect’ com atividades recreativas, esportivas e culturais nos intervalos sugeridos pelos próprios alunos”, relembrou Meire Nocito, diretora institucional educacional do colégio.

    “A restrição ao uso de celulares nas escolas é um passo que pode potencializar essas interações e melhorar o ambiente acadêmico como um todo, fomentando uma educação mais conectada com o presente e com menos interferências tecnológicas durante o aprendizado”, concluiu a diretora em menção à lei que deve ser sancionada nos próximos dias pelo governador de São Paulo.

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