Lula: O Congresso vai aceitar reduzir emendas para contribuir com corte de gasto
O Presidente frisou que não poderia adiantar nenhuma medida pelo fato do pacote não estar concluído
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que o pacote de cortes de gastos que a equipe econômica vem elaborando ainda não está concluído. Segundo ele, ainda há discussões “muito sérias” dentro do governo para serem feitas. Entre elas, o ajuste em emendas parlamentares.
“Nós temos que analisar o seguinte: se eu fizer um corte de gasto, para diminuir a capacidade de investimento do orçamento, a pergunta que eu faço é a seguinte: o Congresso vai aceitar reduzir as emendas de deputados e senadores para contribuir com o ajuste fiscal que eu vou fazer? Porque não é só tirar do orçamento do governo”, disse.
As declarações do presidente foram feitas à RedeTV!, durante uma entrevista com os senadores Jorge Kajuru (PSB-GO) e Leila Barros (PDT-DF), e teve trechos divulgados pelo portal UOL. A entrevista completa tem previsão de ser exibida na RedeTV! no próximo domingo (10).
Uma das propostas para ajustar as contas públicas é a limitação do crescimento da rubrica de emendas parlamentares no orçamento. Além disso, está sob a mesa a possibilidade de vincular parte desses recursos a despesas com saúde.
Na entrevista, Lula ainda frisou que não poderia adiantar nenhuma medida pelo fato do pacote não estar concluído, mas disse que conhece a “gana especulativa do mercado” que “age com certa hipocrisia” para “gerar confusão na cabeça da sociedade”.
“Os empresários, que vivem de subsídio do governo, vão aceitar abrir mão um pouco do subsídio para a gente poder equilibrar a economia brasileira? Vão aceitar? Eu não sei se vão aceitar”, questionou.
O presidente ainda defendeu que o ajuste fiscal do governo não deva ser jogado “em cima do ombro das pessoas mais necessitadas”.
Desde o começo da semana, a equipe econômica do presidente Lula tem tentado convencer os ministérios que detém a maior fatia do orçamento – Previdência, Desenvolvimento Social, Saúde, Educação e Trabalho – da necessidade de cortar gastos em prol do equilíbrio fiscal tão aguardado pelo mercado financeiro e investidores.
A avaliação dos analistas é de que o ajuste das contas da União tem sido feito apenas pelo lado da receita, com aumento de tributos, mas o governo continua aumentando os gastos, gerando um desequilíbrio fiscal, o que afeta as taxas de juros e inflação.
No começo da semana, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o pacote pensado pela equipe dele seria apresentado ainda nesta semana, por isso ele cancelou a viagem pela Europa.
No entanto, após dois dias de conversas e muitos embates com os chefes das pastas que serão afetadas, já se fala em adiar para a próxima semana.