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    Família acusa PM de executar jovem negro em mercado de SP

    Gabriel Renan da Silva Soares, de 26 anos, foi morto após tentar furtar produtos de limpeza na zona sul da capital; SSP diz que apura o caso

    Carolina Figueiredoda CNN , em São Paulo

    A família de Gabriel Renan da Silva Soares, jovem negro de 26 anos, afirma que ele foi morto por um policial militar de folga em um supermercado na zona sul de São Paulo mesmo sem oferecer qualquer ameaça a ninguém.

    Conforme registro da ocorrência, Rafael foi atingido por 11 disparos, na noite do último domingo (3), após tentar furtar alguns produtos de limpeza em um mercado Oxxo, na Avenida Cupecê, no bairro Jardim Prudência.

    No boletim, o policial militar Vinicius de Lima Britto, que estava de folga na ocasião, afirma que o jovem fez menção de estar armado e por isso precisou atirar contra ele.

    No entanto, a família contesta essa versão e afirma que Gabriel era usuário de drogas, não estava armado e cometeu um furto sem oferecer qualquer violência ou grave ameaça.

    Em conversa com a CNN, a advogada Fátima Taddeo, que é tia de Gabriel, contou que o jovem, que completaria 27 anos amanhã (7), passava por um período difícil por conta do vício em drogas.

    Segundo ela, Gabriel estava trabalhando no momento, porém enfrentava problemas causados pelo uso da droga K2, um tipo de maconha sintética com alto potencial destrutivo.

    A família não nega que Gabriel estivesse furtando o mercado, e afirma que imagens comprovam que ele havia pego dois produtos de limpeza e escondido na blusa. Ainda conforme o relato da família, Gabriel já estava saindo do mercado, sem ter abordado ninguém, quando foi atingido pelas costas por tiros disparados pelo policial.

    Um vídeo registrado por câmeras de segurança próximas ao local mostra o momento em que Gabriel sai do mercado. Logo em seguida, é possível ver ele caindo no chão. Veja abaixo.

    No entanto, a versão que consta no boletim de ocorrência é outra.

    Segundo o documento, o PM relatou que estava fazendo compras no mercado quando viu Gabriel roubando alguns produtos. Ao questioná-lo, o jovem teria afirmado que estava armado e colocado a mão dentro da blusa, e por isso o agente teria disparado contra ele ainda dentro do local.

    Já o funcionário do mercado declarou que os tiros foram disparados do lado de fora. Ele contou que Gabriel entrou no mercado, foi até a seção de limpeza, pegou de quatro a cinco produtos e tentou correr, porém caiu no chão do estacionamento após escorregar.

    Em seguida, o PM teria ido para o lado de fora do mercado para averiguar o que acontecia. Ainda conforme a versão do funcionário, Gabriel se levantou e colocou a mão no bolso da blusa “fazendo menção de estar armado”. Neste momento, o policial teria feito os primeiros disparos.

    Depois disso, segundo o atendente, o jovem teria andado em direção à calçada, porém retornou ainda com a mão na blusa e afirmou: “não mexe comigo, que estou armado, não quero nada do que é seu”. O policial, então, atirou mais vezes.

    De acordo a perícia, foram encontradas 11 perfurações no corpo de Gabriel: três no tórax, dois na mão esquerda, um no antebraço esquerdo, três no antebraço direito, um na orelha direita e uma no rosto.

    “O furto é um crime que é cometido sem violência nem grave ameaça. Ele não estava armado, não foi violento. Pra ser roubo, como está no boletim, ele deveria estar armado, ter ameçado e sido violento, não foi isso. Legítima defesa não é justificada quando a pessoa não está oferecendo ameaça. A vida do Gabriel estava valendo dois produtos de limpeza”, declarou Fátima.

    Fátima é esposa do rapper Eduardo Taddeo, do grupo Facção Central. Pelas redes sociais, ele também criticou a ação e afirmou que o sobrinho foi assassinado no local. “Mais um jovem preto e da periferia exterminado”, declarou.

    Em nota, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) afirmou que o caso foi registrado como resistência, morte decorrente de intervenção policial e tentativa de roubo pela Divisão de Homicídios do Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP).

    “Foram solicitados exames periciais ao Instituto de Criminalística (IC) e Instituto Médico Legal (IML), cujos laudos estão em andamento e, assim que concluídos, serão encaminhados para análise da autoridade policial. Demais diligências são realizadas visando o esclarecimento dos fatos”, completa a nota.

    Já o mercado Oxxo lamentou o ocorrido. “O Oxxo pauta suas ações no respeito às pessoas e lamenta profundamente o ocorrido na noite de 03 de novembro, na unidade da Avenida Cupecê, entre dois clientes. A rede informa que seus colaboradores acionaram imediatamente as autoridades e que as imagens do sistema de segurança estão à disposição dos órgãos competentes a fim de contribuir com a investigação.”

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