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    Com seca e câmbio depreciado, inflação acelera e “inverte” rumo da Selic

    Copom deve elevar Selic em 0,5 p.p nesta quarta-feira (6); há cerca de oito meses, caminhava, no mesmo ritmo, na direção oposta

    Danilo Moliternoda CNN , São Paulo

    Expectativas do mercado financeiro apontam que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) irá elevar em 0,5 ponto percentual (p.p) a taxa Selic nesta quarta-feira (6), enquanto a inflação acelera no país, puxada especialmente por impacto das secas e movimento no câmbio.

    O Índice Equus de Precificação da Selic (IEPS), que coleta e analisa dados de mercado, estima probabilidade de 85,8% para elevação de meio ponto nos juros.

    Há cerca de oito meses, o colegiado caminhava, no mesmo ritmo, na direção oposta: em março, reduzia a Selic em 0,5 ponto — no último corte desta proporção do ciclo iniciado em agosto de 2023.

    De lá para cá, o BC viu as expectativas de inflação coletadas pelo seu Boletim Focus acelerarem: na edição anterior ao último corte de 0,5 p.p, previa o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 3,79% neste ano.

    No mais recente, projeta 4,59%, percentual acima da tolerância da meta de inflação (4,5%).

    Segundo economistas consultados pela CNN, os principais efeitos que puxaram para cima os índices de preço foram as secas que atingiram o país, resultando no aumento do custo da energia elétrica e do preço dos alimentos, e a depreciação do real.

    As secas levaram ao acionamento de termelétricas, o que levou o país à bandeira vermelha 2 no mês passado, e prejudicou a produção de alimentos in natura, principalmente as proteínas animais, como explica André Braz, coordenador de índices de preços da FGV.

    “Tivemos uma seca que acabou prejudicando a oferta de alimentos de maior importância, relacionado à pecuária. A carne, assim como a família de lacticínios, está muito cara porque a condição de pastagem está muito ruim”, diz.

    Já a moeda americana subiu mais de 15% neste período, saindo de R$ 4,96 no dia do último corte de 0,5 p.p para R$ 5,75 na terça-feira (5). Para o economista, o movimento reflete incertezas sobre a política fiscal do governo, mas também o ambiente externo.

    “A questão fiscal esbarra sempre no câmbio. Sempre que temos problema fiscal que aumenta o risco país, isso desvaloriza a nossa moeda. Mas as razões também estão em questões externas, como com as guerras”, completa.

    Do lado da demanda, Antonio Ricciardi, economista da GO Associados, menciona a “atividade econômica mais forte que o esperado”, que abriu o hiato do produto em 0,5% no segundo e terceiro trimestres, segundo o Banco Central.

    “Esses três fatores combinados [seca, câmbio e atividade] podem levar a taxa de inflação acima da meta em 2024”, disse o especialista.

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