Linfoma não Hodgkin: entenda o câncer que afeta Suplicy
Esse é um tipo de câncer que se inicia no sistema linfático e se espalha de forma desordenada no organismo
O deputado estadual Eduardo Suplicy (PT-SP) deu inicio a um tratamento de imunoquimioterapia após ter sido diagnosticado, em julho, com linfoma não Hodgkin. Esse é um tipo de câncer que se inicia no sistema linfático e se espalha de forma desordenada no organismo.
De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), existem mais de 20 tipos diferentes de linfoma não Hodgkin, e os casos têm aumentado nos últimos 25 anos, principalmente entre pessoas com mais de 60 anos. Os homens são mais predispostos do que as mulheres. A estimativa é que, anualmente, sejam identificados 12.040 novos casos do câncer, sendo 6.420 em homens e 5.620 em mulheres, segundo o Inca.
O sistema linfático faz parte do sistema imunológico, que ajuda o corpo a combater doenças. Como o tecido linfático é encontrado em todo o corpo, o linfoma pode acontecer em qualquer região, além de poder afetar tanto crianças e adolescentes quanto adultos.
“O sistema linfático é formado por uma diversidade de outros sistemas que nos ajudam no combate de infecções, na memória imunológica e em uma série de cuidados para que nós consigamos sobreviver ao longo da vida e vencer diversas infecções e complicações”, explica Philip Bachour, hematologista do Centro Especializado em Oncologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, à CNN.
“Os linfonodos são uma parte desse sistema e estão diretamente envolvidos na defesa do organismo. Os linfócitos, por exemplo, são responsáveis por produzir as nossas proteínas de defesa, as imunoglobulinas, e por formar anticorpos”, completa.
O especialista explica que, quando as células do sistema linfático sofrem alguma mutação, elas podem causar linfomas. “Os linfomas constituem uma gama enorme de subtipos e cada um deles são uma doença distinta. Existem mais de 60 subtipos de linfoma, com características e evoluções diferentes”, afirma.
Os linfomas Hodgkin e os linfomas não Hodgkin constituem dois grandes tipos de linfomas. O primeiro caso é mais comum em pacientes jovens, enquanto o segundo é mais comum em pacientes idosos. “Os não Hodgkins podem ser do tipo B, ou seja, que se originam aos linfócitos B, ou podem ser originados dos linfócitos T. Então, são uma variedade de linfomas que podem ser agressivos, com multiplicação celular muito rápido, e outros que podem ser mais lentos, em que as células se multiplicam vagarosamente”, esclarece.
Sintomas de linfoma não Hodgkin
De acordo com o Inca, os principais sintomas do linfoma não Hodgkin incluem:
- Aumento dos linfonodos (gânglios) do pescoço, axilas e/ou virilhas;
- Suor noturno excessivo;
- Febre;
- Coceira na pele;
- Perda de peso sem causa aparente.
Fatores de risco
Ainda de acordo com o Instituto, alguns fatores aumentam o risco de desenvolvimento do linfoma não Hodgkin. São eles:
- Uso de drogas imunossupressoras;
- Viver com o vírus do HIV;
- Doenças genéticas hereditárias que comprometem o sistema imunológico;
- Ter tido infecção por Epstein-Barr, HIV-1 e HTLV1 e da bactéria Helicobacter pylori;
- Contato com substâncias químicas associadas à ocorrência da doença, como agrotóxicos, aminas aromáticas, benzidina, benzeno, bisfenil policlorado, tricloroetileno, tetracloreto de carbono, solventes orgânicos, radiação ionizante e ultravioleta, tetracloreto de carbono, entre outras;
- Exposição a altas doses de radiação.
Como é feito o diagnóstico e tratamento?
O diagnóstico do linfoma não Hodgkin é feito com a ajuda de exames, como a biópsia (retirada de pequena porção de tecido, em geral dos gânglios linfáticos, para análise em laboratório), punção lombar, tomografia computadorizada e ressonância magnética.
A detecção precoce da doença é fundamental para o sucesso do tratamento, já que um tumor em fase inicial pode ser mais facilmente tratado. O diagnóstico precoce pode ser feito por meio de exames clínicos, laboratoriais ou radiológicos em pessoas com sinais e sintomas sugestivos da doença ou com maior risco de desenvolvê-la.
A maioria dos casos de linfoma não Hodgkin são tratados com a ajuda de quimioterapia, podendo ser associada ou não a imunoterapia ou a radioterapia. Entenda cada uma delas:
- Quimioterapia: combina duas ou mais drogas, administradas por via oral ou intravenosa;
- Imunoterapia: uso de medicamentos que têm um alvo específico para um componente presente nas células do linfoma;
- Radioterapia: uso de radiação para erradicar ou reduzir a carga tumoral em locais específicos.
De acordo com o Inca, a escolha do tratamento dependerá do tipo específico do linfoma não Hodgkin.
“Alguns tipos de linfomas podem ser tratados exclusivamente com imunoterapias, mas outros ainda têm a necessidade do uso da quimioterapia com a imunoterapia”, explica Bachour.
“A estratégia de tratamento depende de diversos fatores. Sempre buscamos os tratamentos de primeira linha e que dão ao paciente a maior chance de cura e de resposta, com menor risco. Mas, no geral, são levados em consideração o subtipo do linfoma, o estadiamento do câncer, o quanto ele está acometendo o paciente e o status do paciente, ou seja, sua condição clínica”, completa.
Imunoterapia pode aumentar sobrevida em casos de linfoma de Hodgkin