Células “velhas” da pele podem afetar outros órgãos do corpo, diz estudo
Descoberta é de equipe de pesquisadores da Universidade de Coimbra, em Portugal, e pode ajudar no desenvolvimento de futuras terapias voltadas para desacelerar envelhecimento do corpo humano
Células envelhecidas da pele podem afetar negativamente outros órgãos do corpo humano, especialmente o cérebro, acelerando sinais de envelhecimento. A descoberta é de um estudo recente realizado por pesquisadores portugueses e publicado na revista científica Aging Cell.
O achado pode abrir caminho para estudos sobre futuras terapias voltadas para a desaceleração do processo de envelhecimento do corpo humano, na visão dos cientistas.
“Esta investigação constitui a primeira evidência direta que células senescentes na pele podem acelerar o envelhecimento noutras partes do corpo. Sugere, portanto, que a senescência de células da pele pode contribuir para efeitos generalizados de envelhecimento”, explica, em comunicado, a equipe do Centro de Neurociências e Biologia Celular (CNC-UC/CiBB) da Universidade de Coimbra (UC) e da Faculdade de Farmácia da UC (FFUC), em Portugal, envolvida na pesquisa.
Para realizar o estudo, os cientistas investigaram os efeitos de células senescentes — células “velhas” que se acumulam à medida que os órgãos envelhecem — na pele de camundongos jovens. Os pesquisadores conseguiram perceber que a presença de células envelhecidas na pele levou à diminuição da função musculoesquelética, aumentando a fraqueza física e diminuindo a capacidade de memória dos ratos.
Eles também observaram que o cérebro era afetado, principalmente na região do hipocampo, responsável pela memória e função cognitiva. Segundo os pesquisadores, foram encontradas “condições frequentemente observadas no envelhecimento” no local.
“Estas reações indicam que houve uma ligação entre as células envelhecidas na pele e o cérebro”, afirma Cláudia Cavadas, líder do grupo de investigação em Neuroendocrinologia e Envelhecimento do CNC-UC/CiBB.
Na visão da pesquisadora, os resultados do estudo podem contribuir para o conhecimento sobre o envelhecimento do organismo, “podendo abrir caminho para investigar intervenções inovadoras que visem atrasar o processo de envelhecimento sistêmico”.
“Potencialmente, [os resultados] podem ainda explicar a ligação entre doenças cutâneas e outras doenças associadas ao envelhecimento”, acrescenta.
Além disso, as descobertas podem abrir caminho para novas possibilidades de investigação sobre o envelhecimento focadas em estratégias que neutralizem células senescentes da pele para reduzir os efeitos sistêmicos no envelhecimento do organismo.
Como proteger o cérebro do declínio cognitivo no envelhecimento?