Cupertino agrediu detento na cadeia; ele é acusado pela morte do ator Rafael Miguel e seus pais
Crime ocorreu em 2019 e Cupertino ficou foragido por 3 anos, até ser capturado em 2022; Ele irá a júri nesta quinta (10) por homicídio triplamente qualificado
Paulo Cupertino Matias, que irá a júri popular na próxima quinta-feira (10), e é acusado de matar o ator Rafael Miguel e os pais dele, João Alcisio e Miriam Selma, agrediu um detento dentro da cadeia onde aguarda o julgamento. Inclusive, um processo disciplinar foi aberto para apurar o ocorrido, segundo mostram registros obtidos pela CNN.
O caso ocorreu em 31 do outubro de 2022, conforme registros do CDP de Guarulhos, onde Cupertino está sob custódia.
Segundo depoimento do detento Wilho da Silva Brito, Cupertino invadiu o banheiro onde o colega de cela fazia sua higiene bucal, lhe xingou e após o colega se agachar, o golpeou no rosto, mas “não soube dizer se foi um ‘soco’ ou ‘chute’, mas que quando se levantou já sentiu um sangue no rosto”.
Já Cupertino afirmou que foi agredido por Wilho, com “chutes nas costelas, quando ainda estava deitado”, e que revidou com um “tapa”. Após a confusão, os outros detentos da cela 23 separaram ambos, e Cupertino chamou os servidores do presídio “com receio de ser agredido novamente”.
Os dois foram atendidos na enfermaria e, o boletim médico de Wilho mostrou escoriações, edema e hematomas no olho. O de Cupertino, entretanto, apenas relatou que o paciente reclamou de dor torácica.
Após instaurado o processo administrativo, a defesa de Cupertino afirmou que não havia indícios da autoria, além de citar outros detentos que foram testemunhas a favor do acusado.
Um deles, de nome Gabriel, afirmou que “Wilho vinha há 4 dias provocando Cupertino” e que “no dia do fato, Paulo já havia reclamado de dores na costela”, que fora o lugar onde Wilho o chutou.
No julgamento, realizado em 30 de novembro de 2022, a decisão mostra que diante da “dúvida” na declaração de Wilho, e com base nos depoimentos das testemunhas de Cupertino, além da “estranheza” da vítima não ter se apresentado de imediato, tendo os hematomas tendo sido visto por um servidor do CDP durante a condução para o banho de sol, e tendo relatado a agressão dias depois, a autoridade que julgou o processo disciplinar absolveu Cupertino da acusação.
Relembre o caso
Paulo Cupertino Matias é acusado de triplo homicídio contra o ator Rafael Miguel e dos pais dele, João Alcisio e Miriam Selma. Ao todo, ele disparou 13 vezes contra os três.
O crime aconteceu em 9 de junho de 2019 e chocou o país. Cupertino ficou foragido da Polícia de São Paulo por três anos, tendo sido inclusive colocado na lista da Interpol, e capturado somente em maio de 2022, em um apartamento na Zona Sul de São Paulo, após passar por cerca de 100 endereços em pelo menos três países – Brasil, Paraguai e Argentina.
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A motivação, segundo o Ministério Público, foi a inconformidade de Cupertino com o namoro de sua filha, Isabela Tibcherani, com o ator
Segundo documentos que constam no processo do caso apontam que na data do crime, Isabela saiu para se encontrar com o namorado em uma praça perto de casa, no bairro do Socorro, Zona Sul de São Paulo.
Quando Cupertino chegou em casa e não encontrou a filha, falou com a esposa e exigiu que ela voltasse. Seguindo a ordem do ex-marido, a mãe da adolescente, Vanessa Tibcherani de Camargo, tentou ligar para a filha, mas não conseguiu.
Na sequência, ela decidiu ligar para o celular de Rafael, porém quem atendeu foi a mãe dele, pois ele havia esquecido o celular em casa. Depois disso, os pais do ator decidiram levar o telefone para o filho.
Quando encontraram com Rafael e Isabela, optaram por também levar a jovem em casa e aproveitar a oportunidade para conversar com Cupertino, no sentido de pedir uma aprovação do namoro do casal.
Porém, segundo o depoimento de Isabela à polícia, foi Cupertino quem atendeu o portão, que teria ríspido com os pais do ex-ator e pediu que ela entrasse, fechando a porta em seguida.
Neste momento, Miriam, a mãe de Rafael, pediu para conversar, entretanto, na sequência Cupertino sacou uma pistola e deu diversos tiros disparados em relação a Rafael e os pais, que morreram no local.
Carta
Recentemente, o algoz da família de Rafael Miguel enviou um pedido de habeas corpus em uma carta escrita a mão endereçada ao Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), onde pediu por um juiz imparcial, assim como “toda pessoa acusada de delito tem o direito a que se presuma sua inocência”.
A CNN teve acesso ao documento, onde Cupertino condena a mídia dizendo que o processo está “contaminado” e que as provas de uma suposta “inocência” não seriam levadas em consideração pelos jurados durante o júri.
Além disso, ele afirma ter sido “acusado, massacrado e perseguido”.
Sobre o período em que passou foragido, Cupertino disse que não se entregou por “temer” pela própria vida.
O pedido de habeas corpus foi apreciado e negado pela Justiça, que não reconheceu as alegações feitas pelo réu.