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    William Waack

    Inflação inercial gerada pelo crescimento insustentável não é combatida com mais oferta, diz Pessôa à CNN

    Pesquisador da FGV explica por que o aumento da demanda sem correspondente aumento da oferta pode levar a um ciclo inflacionário difícil de reverter

    Da CNN

    O economista Samuel Pessôa, pesquisador da Fundação Getúlio Vargas e chefe de pesquisa da Julius Baer Brasil, alertou sobre os riscos de uma política econômica focada apenas no estímulo à demanda.

    Em entrevista ao WW, Pessôa explicou por que o chamado “hiato positivo”, que é quando a economia opera acima de sua capacidade produtiva, pode gerar uma inflação inercial, difícil de ser combatida apenas com aumento da oferta.

    Segundo o economista, é contraintuitivo para o senso comum aceitar que a economia possa ir mal quando há alta no emprego e aumento da renda e do consumo.

    Este é justamente o argumento político utilizado pelo governo, que defende a indução ao consumo como forma de criar um ciclo virtuoso de crescimento econômico.

    O problema do timing

    Pessôa destaca que o principal problema dessa abordagem é o tempo necessário para que investimentos se transformem em aumento efetivo da oferta.

    “Enquanto o investimento não está prontinho funcionando, ele não é categoria de oferta, ele é demanda”, explica o economista.

    Durante o período de implementação dos investimentos, há contratação de trabalhadores e compra de máquinas, o que gera demanda sem o correspondente aumento da oferta.

    Essa defasagem pode levar a um aumento da inflação que, uma vez estabelecida, torna-se inercial e difícil de reverter.

    O pesquisador cita exemplos históricos para ilustrar seu ponto, como o governo de Néstor Kirchner na Argentina, que assumiu em 2003 com inflação baixa e situação fiscal favorável, mas cujas políticas levaram a um aumento significativo da inflação nos anos seguintes.

    Lições do passado

    Pessôa também menciona tentativas semelhantes no Brasil, como o Plano de Metas de Juscelino Kubitschek e o segundo Plano Nacional de Desenvolvimento durante o governo Geisel.

    Em ambos os casos, apesar dos investimentos em infraestrutura e indústria, o resultado foi uma inflação elevada que se mostrou difícil de controlar.

    “O Brasil desde os anos 50 vem com essa história, essa história nunca funcionou”, afirma o economista, ressaltando que o aumento da oferta, quando finalmente ocorre, muitas vezes chega tarde demais para conter a inflação já estabelecida.

    A análise de Pessôa serve como um alerta para os formuladores de política econômica, destacando a importância de uma abordagem equilibrada que considere não apenas o estímulo à demanda, mas também o timing e os efeitos de longo prazo das medidas adotadas.

    Os textos gerados por inteligência artificial na CNN Brasil são feitos com base nos cortes de vídeos dos jornais de sua programação. Todas as informações são apuradas e checadas por jornalistas. O texto final também passa pela revisão da equipe de jornalismo da CNNClique aqui para saber mais.

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